O campo conservador brasileiro vivenciou mais um episódio de atrito público neste sábado, 19 de julho, quando o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) respondeu, por meio de suas redes sociais, às críticas feitas pelo senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS). As declarações expuseram um desgaste crescente entre figuras que, até pouco tempo, estiveram alinhadas politicamente em torno do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A polêmica teve início depois que Mourão, ex-vice-presidente da República, comentou de forma crítica a atuação de Eduardo nos Estados Unidos. O senador manifestou incômodo com o fato de o deputado ter buscado apoio de líderes estrangeiros, sobretudo do presidente norte-americano Donald Trump, para tratar de assuntos internos do Brasil — mais especificamente, a defesa de Jair Bolsonaro em meio às investigações e processos que o cercam.
Para Mourão, mesmo que exista uma suposta injustiça contra Bolsonaro, cabe apenas aos brasileiros lidar com o tema. O senador defendeu que figuras de fora não devem interferir em assuntos que são de responsabilidade da sociedade e das instituições do país. A fala de Mourão foi interpretada por apoiadores de Eduardo como um sinal de distanciamento e de crítica direta ao núcleo bolsonarista que segue atuando internacionalmente.
Sem deixar passar em branco, Eduardo Bolsonaro respondeu de imediato usando suas plataformas digitais, onde conta com milhões de seguidores. Em publicações de tom irônico, ele rebateu o posicionamento de Mourão, reforçando a narrativa de que busca apoio internacional como parte de uma estratégia para denunciar supostos abusos cometidos no Brasil. A resposta teve grande repercussão, especialmente entre simpatizantes mais próximos do ex-presidente.
Esse embate mostra que, mesmo após a saída de Bolsonaro da Presidência, o campo conservador ainda enfrenta divisões internas sobre qual rumo seguir. Mourão, hoje no Senado, tem procurado adotar um perfil mais institucional e moderado, buscando diálogo com diferentes correntes políticas. Já Eduardo mantém uma postura combativa e segue investindo em articulações com setores da direita internacional, principalmente aliados do presidente Trump, tentando manter aceso o apoio à sua família.
A troca de críticas entre os dois políticos evidencia visões distintas sobre o futuro do movimento conservador. De um lado, parlamentares mais cautelosos defendem que o grupo concentre esforços dentro do Congresso Nacional e reforce sua presença política por vias institucionais. De outro, parte da base bolsonarista aposta na mobilização fora do país para sustentar a narrativa de que o ex-presidente é alvo de perseguição judicial e política.
Nos bastidores, o clima é de expectativa sobre o impacto desse desgaste na reorganização da direita para as próximas disputas eleitorais. O racha entre Eduardo e Mourão, que já havia mostrado sinais em ocasiões anteriores, agora se tornou explícito, alimentando especulações sobre alianças, estratégias de comunicação e disputas por espaço dentro do eleitorado conservador.
Enquanto isso, apoiadores mais fiéis de Jair Bolsonaro observam atentos cada movimento, de olho em quem permanece alinhado ao ex-presidente e quem adota posturas mais independentes. O episódio reforça que, mesmo fora do Planalto, a figura de Bolsonaro segue sendo o principal elo — e também o ponto de tensão — entre diferentes correntes da direita no Brasil.
Fonte: pensandodireita.com