Descoberto e apoiado por Ivete Sangalo, menino de 10 anos surfa a Pororoca, bate recorde e sonha alto

Na ocasião, Ivete se preocupou ao ver o menino ser repreendido por um “estranho” no mar. O que começou como uma suspeita virou o início de uma amizade repleta de momentos marcantes. Hoje, aos 10 anos, o baiano é uma das promessas do surfe nacional, acumulando os primeiros títulos pelo país.

– Fui para a praia com Marcelo. Falei: “Meu filho, vamos caminhar, pegar jacaré”. Estou na praia e vejo um menininho surfando. Davi era bem pequenininho. Vez ou outra, esse homem ficava encostando nele. Aí, pensei: “Rapaz, quem é esse cara?”. Eu ficava procurando o pai dele, até que meu filho falou para irmos embora. Eu disse: “Peraí, que tenho que resolver uma coisa importante”. Litinho saiu da água, e eu já levantei assim: “Vem cá, meu irmão, você é o quê do guri?”, e ele respondeu: “Sou o pai, ué”. Então eu disse: “Ah, sim, porque eu já ia ‘acender um’ em você'” – lembrou Ivete entre risos.

Filho de Carlos, o Litinho, Davi cresceu respirando o esporte. Mas foi a mãe, Jamile, quem o colocou em cima de uma prancha pela primeira vez. O amor pelo surfe foi imediato. Depois, com o incentivo do pai – que comanda a escola Forte Surfe na região – , o garoto passou a lapidar seu talento nas ondas do litoral baiano. Foi essa dedicação que chamou a atenção de Ivete, que anos mais tarde passou a patrocinar a carreira do menino através do Instituto Ivete Sangalo.

A amizade que nasceu do acaso se transformou em algo maior. Litinho virou professor de Ivete e de seu filho, Marcelinho. E, conforme a cantora evoluía nas práticas, os resultados eram compartilhados com milhões de pessoas nas redes sociais, fato que rendeu à cantora elogios de nomes como Gabriel Medina e Pedro .

Poucos tempo depois, um episódio marcante reforçou ainda mais essa ligação. Em outubro daquele mesmo ano, Ivete e Litinho salvaram uma criança de um afogamento durante uma sessão de surfe. O resgate do pequeno Miguel, revelado pela artista em entrevista ao Fantástico, selou ainda mais a parceria construída meses antes.

Com o apoio do projeto social da artista, a carreira do jovem baiano começou a ganhar forma. Assim como Ivete, que saiu de Juazeiro para o mundo, Davi também sonha alto e tem um objetivo claro: conquistar o ouro olímpico.

– Meu maior sonho é ser campeão olímpico e mundial. Eu penso nisso todo dia, sonho com isso todo dia – disse.

Prestes a completar 11 anos em agosto, Davi já acumula conquistas grandiosas para um menino de pouco mais de 1,60m. Em abril, viajou até São Domingos do Capim, no Pará, para surfar a pororoca – o fenômeno natural que ocorre no encontro do rio com o mar. O feito, registrado pelo RankBrasil, rendeu a ele o título de surfista mais jovem da história a encarar este tipo de onda.

– Tenho Italo Ferreira e Felipe Toledo como ídolos, mas quero ser eu mesmo, com minhas facilidades e dificuldades – afirma, demonstrando personalidade desde cedo.

Com o olhar atento do pai, Davi tem rodado o Brasil em busca de evolução. Já foi vice-campeão latino-americano, venceu as categorias sub-10 e sub-12 do Tivoli Crown – válido pelo Circuito Baiano de Surfe – e agora se prepara para uma nova etapa. Em setembro, embarca para El Salvador, onde pretende aperfeiçoar ainda mais suas habilidades. E, como diz Litinho, o caminho do filho promete ser longo:

– Aqui em casa, o surfe é nossa religião.