O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a se pronunciar publicamente nesta sexta-feira, 18 de julho de 2025, após ter de cumprir uma nova ordem judicial que reforça as restrições impostas contra ele pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Ao sair da Seape (Secretaria de Estado de Administração Penitenciária) em Brasília, onde compareceu para colocar uma tornozeleira eletrônica, Bolsonaro negou qualquer intenção de sair do país e justificou que sempre guardou dólares em espécie em sua residência de forma regular.
A declaração foi dada poucas horas depois da operação de busca e apreensão realizada pela Polícia Federal, que vasculhou a casa do ex-presidente, localizada no Jardim Botânico, além de seu escritório político na sede nacional do Partido Liberal, também na capital federal. A ação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, relator de processos que investigam supostas articulações para tentar reverter o resultado das últimas eleições.
Bolsonaro, visivelmente incomodado, disse a apoiadores e jornalistas que não há motivo para suspeitas de que ele estaria planejando fugir para o exterior. Segundo ele, o dinheiro mantido em casa em moeda estrangeira sempre foi declarado e não se trata de recurso ilícito. O ex-presidente insistiu que não há irregularidade em guardar valores em espécie para uso pessoal, argumento que, segundo ele, desmonta especulações levantadas nos últimos dias.
Além da tornozeleira eletrônica, Bolsonaro agora enfrenta restrições adicionais. Por determinação de Moraes, o ex-presidente está proibido de frequentar embaixadas e não pode manter contato com diplomatas estrangeiros. A decisão também reforça o recolhimento domiciliar noturno, obrigando Bolsonaro a permanecer em casa entre 19h e 7h e durante todo o fim de semana. Para completar, ele segue impedido de acessar redes sociais, principal meio usado por ele para falar diretamente com apoiadores.
Aliados do ex-presidente enxergam as restrições como uma tentativa de silenciar a maior liderança da oposição. A defesa de Bolsonaro já trabalha para contestar as medidas, classificadas como exageradas e políticas. Advogados próximos dizem que recorrerão contra o uso da tornozeleira e as limitações de contato, reforçando que não existe qualquer indício de que o ex-presidente planeje deixar o Brasil sem autorização judicial.
Do lado de fora da Seape, apoiadores se reuniram para demonstrar solidariedade. Muitos usavam camisetas com o rosto de Bolsonaro e cartazes contra o ministro Alexandre de Moraes. Já parlamentares do PL e partidos aliados se manifestaram nas redes sociais para criticar a decisão do STF, classificando a operação como mais uma demonstração de perseguição política.
Por outro lado, setores que defendem as investigações consideram as medidas necessárias para garantir que Bolsonaro não interfira em processos em curso nem utilize sua estrutura de apoio para pressionar autoridades ou articular novos movimentos de contestação institucional.
O cenário reforça o ambiente de tensão que se instalou desde o fim do mandato de Bolsonaro, que tenta se manter como o principal representante da direita no país, mesmo com restrições judiciais cada vez mais rígidas. Enquanto a defesa articula recursos, a base de apoiadores promete intensificar manifestações em defesa do ex-presidente, que, mesmo monitorado, segue alimentando o discurso de vítima de perseguição para mobilizar sua militância.
Fonte: pensandodireita.cm