Nesta semana fui surpreendido por um evento de médio porte do Governo do Ceará, mas que teve à frente o governador Elmano, sobre a redução no percentual de mortes violentas no Estado, nesses primeiros quatros meses de 2025, em comparação ao mesmo período do ano passado.
Não me seria conveniente adentrar nos números de homicídios deste ano ou do ano passado, pois estaria cometendo o mesmo erro estratégico com relação ao campo mais perverso da violência: não se vende menos morte à população.
Enquanto estivermos com famílias cearenses perdendo seus entes para a violência nas grandes cidades, não há sequer uma indicação de um caminho certo no combate aos homicídios, por maior que seja a queda de índices nesse tipo de ocorrência. Acredite, não será um maior número de policiais recém-formados que irá inibir os confrontos entre facções criminosas pelo controle do tráfico de drogas e pela prática de extorsões a comerciantes, quase sempre com registros de morte de criminosos, mas também de cidadãos.
Não há como passar despercebido o grande investimento que o Governo do Ceará tem feito na área da segurança pública, desde o maior número de novos policiais, delegados, equipamentos e viaturas a incentivos por desempenho de função. Mas todos esses investimentos recaem no campo ostensivo. Por certo, os também investimentos em inteligência policial, mesmo ainda longe do ideal, poderiam ser vistos como uma ação preventiva. Em parte, pois muitas vezes desencadeiam ações ostensivas.
Em mais um erro estratégico, o Governo do Ceará tem vendido as escolas em tempo integral como uma ação da pasta da Educação, quando na verdade impactam de forma positiva na Segurança Pública. O mesmo vale para os investimentos na Juventude, na Cultura, no Esporte, no Primeiro Emprego. Ações 100% preventivas, sem efeito colateral da necessidade de ação ostensiva.
A bandeira da segurança pública é tremulante e forte em discurso de oposição. No poder, deve ser mantida no mastro, sem tremular, pois não há quem que de fato se sinta seguro em uma grande cidade, sejam quais forem os índices nas reduções de mortes e assaltos. É desperdício de agenda propositiva.
A continuar querer tremular a bandeira da segurança pública, o Governo Elmano estará sujeito a reduzir cada vez mais os índices da violência – o que na verdade é uma obrigação, não um ganho -, sem poder colher a aprovação esperada.
O resultado poderá ser um índice de aprovação tomado de assalto, quando não assassinado…
* Jornalista pela Universidade Federal do Ceará, especialista em Marketing Político e com passagens pelo O POVO, DN e O Globo, além de assessorias no Senado, Governo do Estado, Prefeitura de Fortaleza, coordenador na Prefeitura de Maracanaú, coordenador na Câmara Municipal de Fortaleza e consultorias parlamentares. Também acumula títulos no xadrez estudantil, universitário e estadual de Rápido.
Fonte: cesarwagner.com