Chiquinho Brazão, ex-deputado e acusado de envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco, foi transferido para o regime domiciliar após uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que aceitou a alegação de que sua saúde estava comprometida e que ele corria riscos no sistema prisional. A medida gerou controvérsia e reacendeu o debate sobre a desigualdade no tratamento de prisioneiros no Brasil, principalmente em relação aos presos acusados de envolvimento nos atos de 8 de janeiro.
A defesa de Brazão argumentou que o ex-deputado necessitava de cuidados médicos contínuos, que não poderiam ser fornecidos na prisão. Com a decisão do STF, ele cumprirá sua pena em casa, mas continuará recebendo o salário de parlamentar, além de manter seu gabinete ativo, com 24 assessores, o que gera um custo mensal de R$ 125.000,00. Este cenário causou indignação, já que outros prisioneiros, especialmente aqueles detidos após os eventos de 8 de janeiro, não têm acesso ao mesmo tipo de tratamento ou privilégios.
O contraste entre a situação de Brazão e as condições de detenção de outros presos gerou críticas. Relatos de abusos e descaso médico se espalharam, incluindo o caso de Clesão, que faleceu na prisão devido à falta de assistência médica adequada. Essas histórias alimentaram o sentimento de injustiça, especialmente porque muitos dos detidos pelo envolvimento nos atos de 8 de janeiro, incluindo pessoas com sérios problemas de saúde, ainda permanecem encarcerados, sem acesso aos cuidados necessários.
A decisão de conceder prisão domiciliar a Brazão, acusado de um crime grave, gerou questionamentos sobre a imparcialidade do sistema judicial. A falta de manifestações de figuras políticas, principalmente de membros da esquerda, como Anielle Franco, irmã de Marielle, também chamou a atenção. Não houve críticas ou solicitações para que Brazão fosse cassado, o que gerou perplexidade entre aqueles que se opõem ao tratamento diferenciado para pessoas em posições de poder.
Anielle Franco, atualmente em evento internacional na ONU, foi mencionada em discussões que criticam sua postura sobre a liberdade de Brazão. Muitos acusam o governo de usar politicamente a dor de sua família, sem buscar ações concretas pela justiça no caso Marielle. Essa sensação de que a luta pela memória e justiça de Marielle foi utilizada para fins políticos sem resultados palpáveis alimenta o descontentamento público.
Além disso, o episódio reforçou a desigualdade no tratamento judicial, especialmente quando se compara o tratamento de figuras políticas envolvidas em crimes graves, como o assassinato de Marielle, com o tratamento de manifestantes e presos políticos do 8 de janeiro. A discrepância nas decisões judiciais e no tratamento das pessoas detidas é vista por muitos como uma falha do sistema de justiça brasileiro, que parece ser mais rigoroso com aqueles considerados “inimigos” políticos do governo.
Com isso, o silêncio sobre a prisão domiciliar de Brazão e a ausência de críticas por parte de figuras políticas tradicionais aumentam a percepção de que a justiça no Brasil não é aplicada de maneira uniforme, especialmente quando se trata de pessoas em posições de poder. Esse episódio reflete a complexidade e as falhas de um sistema que ainda está longe de garantir igualdade de tratamento para todos.
Fonte: pensandodireita