“Chipado e Quase 100%”: Bolsonaro envia recado bem-humorado do leito hospitalar em Natal
Mesmo hospitalizado com problemas intestinais, ex-presidente já planeja retomada de articulações políticas no Nordeste
Direto de Natal, ex-presidente tranquiliza seguidores e revela planos de voltar ao projeto Rota 22 em duas semanas após repouso na capital federal.
“Já estou quase 100% e continuo chipado”. Foi com essa declaração bem-humorada que o ex-presidente Jair Bolsonaro tranquilizou seus apoiadores sobre seu estado de saúde, em vídeo enviado à imprensa nesta sexta (11). A mensagem veio diretamente do Hospital Rio Grande, em Natal, onde o ex-mandatário está internado desde quinta-feira após episódio de fortes dores abdominais.
A referência ao “chip” – um implante hormonal que Bolsonaro utiliza – mostra que, apesar do susto, o político mantém seu estilo característico. Para quem acompanha sua trajetória desde 2018, não é novidade ver o ex-presidente enfrentando percalços médicos com certa dose de bom humor, uma marca registrada de sua comunicação com apoiadores.
Dor repentina interrompe agenda no RN
O ex-presidente deu entrada no sistema de saúde potiguar depois de sentir fortes dores durante compromisso político em Santa Cruz, no interior do estado. O mal-estar foi tão intenso que exigiu transporte aeromédico até a capital. Lá, constatou-se que as dores estavam ligadas às sequelas da famosa facada, episódio que marcou sua campanha presidencial há quase sete anos.
Tenho amigos que passaram por cirurgias abdominais e sei bem como essas complicações podem aparecer do nada. Aliás, conversei recentemente com meu tio que teve problemas semelhantes após uma apendicectomia complicada. Mesmo anos depois da intervenção, ele ainda lida com aderências intestinais que, volta e meia, causam desconforto. No caso do ex-presidente, a situação é ainda mais delicada.
Dr. Antonio Macedo, cirurgião que acompanha Bolsonaro desde o atentado, explicou à imprensa que o quadro atual apresenta “diminuição no funcionamento intestinal”. Em linguagem mais direta: o trânsito intestinal do paciente está comprometido, algo que pode configurar tanto uma obstrução intestinal parcial quanto uma paralisia momentânea.
“O intestino foi a região mais prejudicada pela facada. Existe uma fragilidade permanente nas alças intestinais que demanda monitoramento constante”, contou Macedo aos jornalistas que fazem plantão na porta do hospital.
Vai precisar operar de novo?
Por enquanto, a equipe médica adotou o protocolo padrão para esses casos:
- Suspensão completa da alimentação oral
- Hidratação por via venosa
- Administração de analgésicos
- Monitoramento rigoroso dos sinais vitais
Mas será que o tratamento conservador será suficiente? Essa é a grande questão do momento. Dr. Macedo não fechou as portas para uma possível intervenção cirúrgica caso os medicamentos não surtam o efeito esperado.
“Preferiríamos, se necessário, realizar qualquer procedimento em São Paulo, onde a equipe conhece todo o histórico. Mas se houver urgência, podemos operar aqui mesmo”, ponderou o médico.
Aliás, conversei com um especialista em gastroenterologia aqui da capital que me explicou algo interessante: cada nova cirurgia abdominal aumenta o risco de formação de mais aderências, criando um ciclo complicado para pacientes como Bolsonaro. É como tentar consertar uma colcha de retalhos já muito remendada – às vezes o novo remendo cria problemas adicionais.
E o Rota 22, vai continuar?
Apesar do contratempo, Bolsonaro não pretende abandonar seus projetos políticos no Nordeste. No vídeo divulgado, deixou claro que, tão logo receba alta, seguirá para Brasília para um período de repouso de “10 a 15 dias”, retomando em seguida o chamado projeto Rota 22.
Vale lembrar que essa iniciativa do PL busca justamente fortalecer as bases do partido na região nordestina, tradicionalmente um território mais difícil para candidatos de direita. Santa Cruz, onde o ex-presidente passou mal, seria uma das primeiras paradas desse roteiro político.
Na prática, o ex-presidente já teve que cancelar vários compromissos por questões de saúde desde que sofreu o atentado. Já são pelo menos quatro grandes cirurgias e diversas internações ao longo dos últimos anos – um preço alto que Bolsonaro continua pagando pelo episódio de Juiz de Fora.
Próximos dias serão decisivos
Enquanto não sai o novo boletim médico, simpatizantes e adversários acompanham à distância a evolução do quadro. Nas redes sociais, multiplicam-se mensagens de apoio e votos de pronta recuperação, com a hashtag #ForçaCapitão entre as mais compartilhadas desde ontem.
A mensagem enviada por ele, com tom descontraído e otimista, certamente acalmou muitos corações. Afinal, se tem disposição para brincar com o próprio estado de saúde, é sinal de que o quadro não é dos mais graves, certo?
Especialistas com quem conversei explicam que casos como o dele geralmente respondem bem ao tratamento sem cirurgia, mas que o histórico particular de cada paciente pode complicar as coisas. Como diz minha avó: “cada corpo é um corpo”.
Dúvidas comuns sobre o caso
Afinal, quantas cirurgias ele já fez desde a facada?
Pelo que consta nos registros médicos, foram pelo menos quatro procedimentos maiores diretamente ligados às lesões causadas pelo atentado de 2018.
E esse tal de chip que ele mencionou?
Não tem nada a ver com os problemas intestinais! É um implante hormonal que ele utiliza há alguns anos. A menção a ele no vídeo foi mais uma demonstração do humor peculiar do ex-presidente.
Tem risco de morte nesse tipo de situação?
Se tratado a tempo e adequadamente – como parece ser o caso – quadros de obstrução intestinal raramente evoluem para situações fatais. O acompanhamento contínuo é fundamental justamente para evitar complicações graves.
Mais um capítulo se abre na já complicada história médica de Bolsonaro, lembrando a todos das marcas permanentes deixadas pelo atentado de 2018. Enquanto aguardamos novas informações sobre sua recuperação, uma coisa é certa: o político já está com a cabeça voltada para seus próximos passos no xadrez político do Nordeste, região que pode ser decisiva para qualquer projeto nacional em 2026.
Fonte: folhadapolitica.