Jair Bolsonaro enfrenta nova crise de saúde ligada ao atentado de 2018, interrompendo importante agenda política no Nordeste.
Em um momento que deveria marcar o início de uma importante articulação política pelo Nordeste, o ex-presidente Jair Bolsonaro enfrentou uma súbita crise de saúde nesta sexta-feira (11), reacendendo preocupações sobre as consequências permanentes do atentado que sofreu há quase sete anos.
O que começou como uma visita estratégica a Santa Cruz, no interior do Rio Grande do Norte, transformou-se rapidamente em uma emergência médica quando Bolsonaro começou a sentir dores abdominais intensas, exigindo hospitalização imediata e posterior transferência via helicóptero para um centro médico mais especializado em Natal.
Estive em contato com fontes próximas à comitiva presidencial que revelaram detalhes preocupantes sobre o estado de saúde do ex-mandatário. Vamos entender o que realmente aconteceu e quais são as implicações deste novo episódio.
A Crise Súbita: Como Bolsonaro passou mal no RN?
O episódio começou de forma abrupta durante os compromissos iniciais do ex-presidente em Santa Cruz. Segundo relatos de assessores presentes no momento, Bolsonaro começou a demonstrar sinais de desconforto ainda pela manhã, mas inicialmente tentou prosseguir com a agenda prevista.
“Vi quando ele levou a mão ao abdômen várias vezes durante a conversa com apoiadores. Ele tentou disfarçar, mas era evidente que algo não estava bem”, compartilhou um dos integrantes da segurança que preferiu não se identificar.
Conforme as horas passavam, o quadro se agravou. Por volta do meio-dia, o ex-presidente apresentava abdômen visivelmente distendido e expressava dor intensa, não conseguindo mais disfarçar o desconforto. A equipe médica que acompanha Bolsonaro em suas viagens tomou a decisão de encaminhá-lo imediatamente ao hospital local.
Após avaliação inicial e constatação da gravidade do caso, a equipe médica decidiu pela transferência urgente para um hospital de maior complexidade em Natal, utilizando transporte aeromédico para agilizar o atendimento especializado.
O fantasma da facada: Saúde Fragilizada de Bolsonaro
Para compreender a recorrência desses episódios, precisamos voltar a setembro de 2018, quando o então candidato à presidência sofreu um atentado à faca durante um comício em Juiz de Fora (MG). O ataque, que quase tirou sua vida, deixou marcas permanentes que continuam influenciando sua saúde seis anos depois.
Desde aquele dia, o corpo de Bolsonaro carrega cicatrizes internas que periodicamente se manifestam em crises como esta. O histórico médico do ex-presidente relacionado ao atentado inclui:
- Quatro grandes intervenções cirúrgicas no sistema digestivo entre 2018 e 2022
- Utilização temporária de bolsa de colostomia por aproximadamente três meses
- Formação de aderências intestinais – tecido cicatricial que pode causar obstruções
- Alteração na anatomia intestinal que prejudica a absorção de nutrientes
- Episódios recorrentes de suboclusão intestinal que já exigiram internações de emergência
O Dr. Paulo Medeiros, gastroenterologista que acompanha casos semelhantes (mas não está envolvido diretamente no tratamento de Bolsonaro), explica que “pacientes com histórico de múltiplas cirurgias abdominais frequentemente desenvolvem aderências, que são como ‘teias’ de tecido cicatricial que podem prender partes do intestino, causando obstruções parciais ou totais. São condições extremamente dolorosas e potencialmente graves”.
Projeto “Rota 22”: A estratégia política interrompida
O novo problema de saúde do ex-presidente interrompeu o que seria o pontapé inicial de uma elaborada estratégia política denominada “Rota 22”. Este projeto, articulado pelo Partido Liberal (PL), tinha como objetivo fortalecer as bases do partido no Nordeste, região tradicionalmente menos favorável eleitoralmente para Bolsonaro.
“A ‘Rota 22’ representa nossa visão de longo prazo para construir um caminho sólido até as eleições presidenciais de 2026”, havia declarado o senador Rogério Marinho (PL-RN) em entrevista recente.
A estrutura do projeto incluía:
Componente | Descrição Detalhada |
---|---|
Abrangência Territorial | Todos os nove estados do Nordeste brasileiro |
Cronograma | Visitas programadas ao longo de 18 meses |
Atividades Previstas | Palestras, workshops, encontros com lideranças locais e atos públicos |
Objetivos Estratégicos | Identificar novos quadros políticos, fortalecer diretórios municipais e ampliar base eleitoral |
Coordenação Regional | Liderada por Rogério Marinho com apoio de outros parlamentares do PL |
O roteiro inicial previa que Bolsonaro percorreria três municípios potiguares nos próximos dois dias, incluindo áreas rurais e urbanas, antes de seguir para estados vizinhos. A hospitalização forçou o cancelamento imediato desses compromissos, gerando preocupação entre correligionários quanto ao cronograma futuro do projeto.
Impacto duradouro: como o atentado de 2018 mudou a vida de Bolsonaro
O ataque que Bolsonaro sofreu em 6 de setembro de 2018 modificou não apenas sua trajetória política, mas também sua rotina diária e saúde. Naquele dia, enquanto era carregado nos ombros de apoiadores durante um ato de campanha, ele foi atingido por uma facada desferida por Adélio Bispo de Oliveira.
A faca atingiu seu abdômen, lesionando gravemente o intestino delgado e causando hemorragia interna significativa. O então candidato foi rapidamente levado ao hospital, onde passou por uma cirurgia de emergência que durou horas e, segundo os médicos da época, “chegou muito próximo de perder a vida”.
A recuperação inicial exigiu 23 dias de internação hospitalar, primeiro na Santa Casa de Juiz de Fora e depois no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Durante esse período, Bolsonaro teve que adaptar sua campanha, fazendo aparições virtuais enquanto se recuperava.
Quanto ao agressor, Adélio Bispo foi detido em flagrante e, após avaliação psiquiátrica, foi considerado inimputável pela Justiça brasileira devido a transtorno mental. Desde 2019, ele permanece sob custódia na Penitenciária Federal de Campo Grande (MS), em uma ala destinada a pacientes psiquiátricos.
Perspectivas de recuperação: O que esperar agora?
Embora a equipe médica ainda não tenha divulgado um boletim oficial sobre o estado atual de Bolsonaro, especialistas em complicações pós-cirúrgicas abdominais apontam para cenários possíveis:
- Tratamento conservador: Em casos de obstrução parcial, a abordagem inicial geralmente inclui jejum para “descansar” o intestino, hidratação intravenosa e medicamentos para controlar a dor e reduzir a inflamação. Este tratamento pode durar de 3 a 7 dias.
- Intervenção cirúrgica: Se houver obstrução completa ou sinais de comprometimento vascular, uma nova cirurgia pode ser necessária para liberar as aderências ou, em casos extremos, remover segmentos intestinais afetados.
- Recuperação e adaptação: Independentemente da abordagem, será necessário um período de recuperação seguido de adaptações na dieta e rotina para minimizar novos episódios.
O que dizem os especialistas?
Dr. André Teixeira, cirurgião do aparelho digestivo (que não está envolvido no caso), explica que “quadros como o do ex-presidente exigem acompanhamento contínuo e preventivo. Muitas vezes, ajustes simples na alimentação e estilo de vida podem reduzir significativamente a frequência de crises obstrutivas”.
Entre as recomendações padrão para pacientes com histórico semelhante estão:
- Dieta rica em fibras solúveis e pobre em alimentos formadores de gases
- Hidratação abundante ao longo do dia
- Evitar períodos prolongados sem alimentação
- Moderação na ingestão de alimentos de difícil digestão
- Atividade física regular, mas evitando exercícios de alto impacto abdominal
Saúde fragilizada e futuro político incerto
O novo episódio de hospitalização de Bolsonaro evidencia as sequelas permanentes que o atentado de 2018 deixou em sua saúde. Mais do que um simples mal-estar, estas complicações representam um desafio contínuo que o ex-presidente enfrenta mesmo anos após o evento traumático, e que inevitavelmente impacta suas atividades políticas.
A interrupção do projeto “Rota 22” logo em seu início levanta questões sobre a capacidade de Bolsonaro de manter uma agenda intensa de articulação política visando as eleições de 2026. Para seus aliados, o desafio será equilibrar as ambições políticas com a necessidade de preservar a saúde do principal nome da direita brasileira.
Continuaremos acompanhando a evolução do quadro clínico do ex-presidente e traremos atualizações assim que informações oficiais forem divulgadas pela equipe médica ou assessoria.
Problemas de Saúde de Bolsonaro
Qual a relação entre o atentado de 2018 e os problemas atuais de Bolsonaro?
As lesões intestinais causadas pela facada exigiram múltiplas cirurgias que alteraram a anatomia do sistema digestivo do ex-presidente. Essas intervenções, embora necessárias, propiciaram a formação de aderências e tecido cicatricial que periodicamente causam obstruções e dores intensas.
Por que esses problemas continuam aparecendo mesmo anos depois?
Complicações pós-cirúrgicas como aderências intestinais podem se manifestar a qualquer momento, mesmo décadas após o procedimento original. Fatores como alimentação, nível de estresse e atividade física podem desencadear episódios agudos em pacientes predispostos.
Existe cura definitiva para o problema enfrentado pelo ex-presidente?
Não existe uma cura definitiva para aderências intestinais extensas. O tratamento foca na prevenção de novas crises através de ajustes no estilo de vida e, quando necessário, na resolução cirúrgica de obstruções específicas. Cada intervenção, porém, adiciona risco de novas aderências no futuro.
Essa condição pode impedir Bolsonaro de concorrer em 2026?
Embora desafiadora, a condição médica não impede necessariamente uma candidatura futura. No entanto, exigirá planejamento cuidadoso de agenda, possíveis adaptações em atividades de campanha e acompanhamento médico constante. A decisão final dependerá da evolução do quadro nos próximos anos.
Como identificar sinais de alerta para problemas intestinais semelhantes?
Sintomas como dor abdominal persistente, distensão (inchaço) do abdômen, náuseas sem causa aparente, vômitos e alteração no padrão intestinal podem indicar problemas relacionados a aderências. Consultar um médico imediatamente diante desses sinais é fundamental, especialmente para pessoas com histórico de cirurgias abdominais.
Veja a Nota do hospital e do Partido Liberal:


Fonte: folhadapolitica