Jogador supera tiro no rosto e dá a volta por cima na Série B: conheça a história de João Vitor, do Avaí

— Quase ninguém sabe, eu estava em um jogo amistoso de família. Depois do jogo fui para casa, ia ter uma confraternização nossa, e na volta aconteceu isso. Dois caras vieram nos assaltar, para roubar a moto do meu primo Tales, mas já vieram atirando, não tivemos tempo de nada. Fui baleado, pegou no meu rosto, na boca, trincou o maxilar. Só conseguimos correr. Hoje estou aqui, com vida. Ele está bem também. Fiquei 10 dias em um hospital de trauma, mais 90 dias comendo por sonda — disse João Vitor.

Depois de sobreviver ao tiro e passar por cirurgias, João Vitor chegou a pensar em desistir do futebol. Pela idade limite da época, ele vinha de sua última Copa São Paulo de Futebol Júnior, disputada com a camisa do São Paulo Crystal (PB) e começaria no profissional.

— Vindo da minha última Copinha, tive oportunidade de participar de outros clubes, seria meu primeiro ano como profissional. Mas fui vítima da tentativa de latrocínio, quase que parei e desisti. Pelo físico, eu não estava me alimentando bem, comendo por sonda. Tive que esperar mais 60 dias para comer comida pastosa. Perdi muito peso. Não podia praticar esporte de contato e fui voltando aos poucos. Perdi um ano — comentou o jogador.

— Aí tive a oportunidade no CSP e comecei do zero, no Campeonato Paraibano, depois fui para São Paulo e comecei a rodar — completou.

O CSP, que também é de sua cidade, João Pessoa, foi o primeiro time profissional da carreira, em 2020, na disputa do Paraibano. Depois, disputou séries de acesso do Paulistão pelo Primavera, Série D por Caldense e CEOV Operário, até chegar a sua primeira Série B na última temporada, pelo Vila Nova.

O desempenho pelo Vila chamou atenção do técnico Enderson Moreira na montagem do elenco avaiano para 2025. João Vitor foi anunciado em dezembro, antes da pré-temporada, e conquistou seu espaço.

— A minha chegada foi muito boa, gratificante. Nosso trabalho foi desenvolvido ao decorrer do campeonato e conquistamos o título. Cheguei há pouco tempo, ninguém me conhecia, mas é trabalho, no dia a dia, mostrando o trabalho, os torcedores vão reconhecendo — disse o volante, que tem ganhado o carinho da torcida.

Para quem quase perdeu a vida, além de quase ter desistido de se tornar jogador de futebol, ter superado esse momento é um fator motivacional para o jogador, que começa hoje sua segunda Série B do Brasileiro.

— Por tudo que passei lá atrás, é motivo de alegria poder vestir a camisa do Avaí, um time enorme. É um privilégio meu, muito gratificante. Me sinto feliz. Serve de motivação, minha história de vida — disse.

— Penso aqui no Avaí, clube que me abraçou, eu abracei também. A gente busca o objetivo maior, o acesso. Apesar de estar começando agora o campeonato, pensar positivo e se Deus quiser dar tudo certo no final da temporada — finalizou.

Fonte: G1