A Polícia Civil investiga uma jornalista suspeita de estelionato ao vender e não entregar ingressos para eventos privados para o carnaval em Olinda, Recife e Salvador. Mais de 20 boletins de ocorrência foram confeccionados contra a jornalista e cerca de 100 pessoas devem ter sido lesadas pela prática. O montante do prejuízo ainda não foi divulgado.
A polícia informou, durante uma entrevista coletiva, que abriu um inquérito nesta sexta-feira (7) para investigar as denúncias.
Se confirmado, a pena por estelionato, de acordo com o Código Penal, estabelece que a pessoa pode ser punida com até cinco anos de prisão. O crime é caracterizado pelo ganho de vantagem em razão do prejuízo alheio.
Em entrevista ao g1 AL, o advogado da jornalista disse que será feito o ressarcimento às vítimas. Segundo ele, a jornalista atuava como uma espécie de intermediária entre as empresas e os foliões que adquiriram os ingressos e os abadás para o carnaval.
“Vai ser feito o ressarcimento para as pessoas que foram prejudicadas. Está sendo feito um levantamento de quem pagou e não recebeu. Ela fazia uma ponte com as empresas e os ingressos não chegaram. O dinheiro que foi pago a ela foi repassado para essas empresas. Também estamos em contato com elas”, disse Carlos Eduardo Carvalho.
O caso está sendo investigado pelos delegados João Marcello e Igor Diego, da Diretoria de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (DRACCO). Durante entrevista coletiva, os delegados afirmam que em cada Boletim de Ocorrência pode ter mais de uma vítima.
“Somando esses números, não chegamos a 50 vítimas, mas já apuramos que diversas pessoas ainda não procuraram a delegacia para registrar esse Boletim de Ocorrência, na esperança que esse problema fosse resolvido”, explica o diretor da DRACCO, o delegado Igor Diego.
O delegado João Marcello explicou que todos os boletins serão centralizados na DRACCO e que as vítimas devem começar a ser ouvidas a partir da próxima segunda-feira (10).
“Quem não fez o B.O. a gente orienta que procure a DRACCO, no Benedito Bentes. Todos serão ouvidos, todas as documentações serão analisadas, comprovantes de pagamentos, pix, transferências bancárias e, interrogaremos a suspeita para saber o que ela vai falar sobre o caso”, conta João Marcello.
A polícia informou ainda que todas as vítimas que registraram o boletim de ocorrência são de Maceió, mas não descarta a possibilidade de haver vítimas em Recife e Salvador. A suspeita trabalhava recebendo os valores nas contas dela, além de utilizar uma maquineta de cartão que está na conta da sobrinha dela.
“Ela é uma pessoa bem conhecida no meio, não é uma pessoa que chegou agora. Sempre teve uma boa relação e infelizmente tudo isso aconteceu. Mas nós estamos aqui para investigar e dar resposta para as possíveis vítimas”, disse o delegado Igor Diego.
Denúncias
A reportagem do g1 teve acesso a alguns prints de clientes que compraram o voucher, uma espécie de vale que garante a compra de algo ou de algum serviço, com a suspeita. Em um deles, a pessoa afirma à suspeita estar preocupada com a situação.
“Estou preocupada, tem alguma chance de dar problema como da semana passada? A minha preocupação maior é o Rodrigo, porque todo ano ele sai nesses blocos, vai ser triste se der algum problema. O Rodrigo me informou que o amigo dele também não recebeu a camisa [do evento] de Recife”, conta a pessoa.
Em outra mensagem, a mesma pessoa questiona o que está acontecendo, e afirma que já estava a caminho de Salvador, mas que não tinha recebido os vouchers.
“O que está acontecendo? Porque passei a semana esperando esses vouchers e o pix, e até agora nenhum dos dois, e a gente já tá no caminho de Salvador”, relata a pessoa a pedir uma atualização sobre a situação.
Um dos prints mostra que uma pessoa, que também realizou uma compra com a suspeita, pedindo para ela atender ao telefone e afirmando que está “tentando evitar que as meninas vão à delegacia” e que se ela não responder, não vai conseguir “ajudá-la nessa [situação]”.
Como garantia, a pessoa ainda pediu que a suspeita mandasse a localização dela indo para Recife, para amenizar a situação com outras supostas vítimas.
Em uma das mensagens que a jornalista respondeu, ela afirma que irá mandar o contato da empresa responsável pela venda dos abadás e que, após tomar um banho, mandaria as informações necessárias. Apesar disso, nos prints que obtivemos, não há o nome ou o contato dessa empresa.