A mulher que tentou matar a mãe envenenada foi condenada a 16 anos e 4 meses de prisão. A decisão foi proferida nesta terça-feira (25). Suzana Ferreira da Silva confessou o crime e disse estar arrependida.
O crime aconteceu no dia 6 de abril de 2021, no bairro do Jacintinho, quando a ré ofereceu um açaí contaminado à vítima, Silvânia Maria Sabino da Silva. Após consumir o alimento, ela passou mal e precisou ser socorrida ao Hospital Geral do Estado (HGE). Desde então, vive em estado vegetativo.
Ela foi presa em 24 de novembro de 2023. Naquele ano, recaíram sobre ela as suspeitas de que teria tentado matar a mãe para encobrir a morte de dois filhos, de 1 e de três anos.
O júri aconteceu no salão da 7ª Vara Criminal, no Fórum do Barro Duro. O caso foi conduzido pelo promotor de Justiça Antônio Vilas Boas, da 9ª Promotoria de Justiça da capital, que sustenta a tese de tentativa de homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e pelo uso de meio insidioso, já que o veneno foi colocado de forma dissimulada no alimento.
A ré foi ouvida no julgamento e respondeu a pergunta da Defensoria: “Sim, tentei [matar a mãe], mas estou arrependida”, disse. Depois disso, a ré ficou em silêncio no julgamento e não respondeu aos questionamentos feitos.
A avó da ré, que é mãe da vítima, disse que se sente culpada pelo estado em que a filha se encontra: “Todos os dias fico me culpando porque lembrei a minha filha que ela tinha deixado um açaí pra ela na geladeira. Minha filha voltou e comeu”, disse Maria José Sabino.
Vítima suspeitou da morte dos netos
A mulher cometeu o crime depois que Silvânia Maria começou a desconfiar da morte dos netos, de 1 ano e de 3 anos. Em novembro de 2023, a mulher foi presa durante cumprimento de mandado judicial. Em depoimento à Polícia Civil, ela confessou o crime contra a mãe, mas negou o assassinato dos filhos.
A Polícia Civil já vinha investigando as mortes e solicitou à Justiça a prisão preventiva da mulher, que era considerada foragida. Ela foi registrar um Boletim de Ocorrência e, quando consultaram a identidade dela no sistema, os policiais descobriram o mandado em aberto.
Mortes suspeitas
Segundo as investigações, a primeira morte suspeita foi da menina Kyara Kethelen, de 1 ano, em 2016. Em 2021, o filho mais velho, Ícaro Kaique, de 3 anos, também morreu em circunstâncias suspeitas. Meses depois, a mãe da mulher foi socorrida em estado grave e levada para o Hospital Geral do Estado (HGE), onde os médicos desconfiaram do envenenamento.
No hospital, foram solicitados exames específicos que comprovaram a presença de veneno no organismo da mãe da mulher. Ela sobreviveu, mas ficou sequelas e atualmente se encontra em estado vegetativo.
A polícia acredita que a mulher envenenou a mãe porque ela teria desconfiado da morte dos netos e ameaçou denunciar a filha caso tivesse certeza de que as crianças tinham sido envenenadas. Segundo as investigações, parentes da mulher descobriram consultas dela na internet sobre como disfarçar sabor de veneno na comida.
Corpos das crianças foram exumados e investigação continua
As crianças foram enterradas sem passar pelo Instituto Médico Legal (IML), já que a mãe não autorizou fazer a necropsia. O delegado Arthur César, responsável pelo caso, solicitou a exumação dos corpos dos irmãos.
A Polícia Civil informou que o laudo do exame toxicológico realizado nos corpos das duas crianças apresentou resultado negativo para substâncias de interesse forense. Porém, a possibilidade de envenenamento não está descartada.
“Ressaltamos que esse resultado não descarta a hipótese de envenenamento, que poderá ser comprovada por outros meios investigativos e periciais. As investigações seguem em andamento para esclarecer todas as circunstâncias do caso”, disse o delegado.
Ainda segundo Arthur César, esse resultado já era esperado, considerando que, conforme apontado pela perícia nos laudos técnicos, o intervalo de tempo entre a possível administração da substância e a coleta do material para exame pode influenciar na não detecção da substância.
Fonte: G1