Deputados de oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva estão pressionando por uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar se a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) teve algum envolvimento nas eleições presidenciais de 2022. A proposta foi liderada pelos parlamentares Gustavo Gaia e Eduardo Bolsonaro, que formalizaram o pedido na semana passada. Até o início da tarde de hoje, a petição já havia recebido o apoio de 98 deputados.
Confira detalhes no vídeo:
O pedido de investigação é fundamentado por uma declaração de Mike Benz, ex-chefe do setor de informática da USAID, que, em uma entrevista recente, alegou que a agência americana teria reforçado o financiamento de grandes instituições brasileiras a partir de 2018 com o objetivo de enfraquecer o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Benz ainda afirmou que, caso a USAID não tivesse atuado, Bolsonaro poderia ter sido reeleito e o Brasil poderia ter mantido uma internet livre de censura.
A declaração gerou grande repercussão entre os deputados de oposição, que veem na ação da USAID uma tentativa de interferir diretamente na soberania do Brasil, manipulando as eleições e censurando a oposição. O objetivo da CPI, de acordo com os parlamentares, é obter respostas sobre as alegações feitas por Benz e verificar se houve de fato envolvimento da agência americana na política interna do Brasil.
A investigação proposta busca apurar se houve violações da legislação brasileira, especificamente a lei eleitoral, que proíbe o financiamento de campanhas políticas por entidades estrangeiras. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) estabelece que qualquer doação estrangeira para partidos ou candidatos brasileiros é ilegal. Embora seja difícil comprovar esse tipo de envolvimento diretamente, os parlamentares acreditam que há indícios de que a USAID tenha financiado ONGs e outras entidades no Brasil que teriam desempenhado papéis informais durante a campanha eleitoral, com forte viés ideológico e de censura.
Algumas dessas ONGs, como o movimento Sleeping Giants, têm sido apontadas como responsáveis por pressionar empresas e veículos de comunicação a removerem conteúdos ou patrocinadores de determinado espectro político. Caso se confirme que essas entidades receberam financiamento da USAID, os deputados afirmam que isso precisa ser esclarecido para o público brasileiro, destacando os interesses de entidades estrangeiras em influenciar a política interna do país.
A proposta da CPI visa, portanto, não apenas investigar o envolvimento da USAID em ações eleitorais, mas também compreender o papel de organizações brasileiras financiadas com dinheiro internacional e suas possíveis conexões com partidos políticos. Caso a investigação revele vínculos diretos ou indiretos com grupos políticos que se beneficiaram desse financiamento, a CPI poderá tomar medidas mais drásticas, como a quebra de sigilos bancários e a apuração de responsabilidades.
A criação de uma CPI não é apenas uma forma de levantar informações sobre a possível interferência de atores externos, mas também uma tentativa de fortalecer a fiscalização sobre entidades estrangeiras e seus impactos na política nacional. O processo de investigação promete revelar aspectos ainda desconhecidos sobre a relação entre financiamento internacional e censura no Brasil, com potencial para trazer novas informações à tona.
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