Quem acompanha de perto o noticiário sobre a negociação de cessar-fogo entre Israel e o grupo terrorista Hamas deve ter percebido a enorme discrepância entre a quantidade de reféns que serão libertados pela milícia na comparação com o número de prisioneiros que serão liberados pelos israelenses. O cenário não é novo, mas chama a atenção pela total desproporção nos números.
Na primeira fase do acordo, está previsto que Israel liberte cerca de mil palestinos presos em 8 de outubro de 2023, mas que não estavam envolvidos no ataque do Hamas a Israel no dia anterior. Em troca, o grupo entregaria 33 reféns vivos, incluindo civis e mulheres soldados, crianças, idosos e doentes. Ou seja, a proporção é de um refém a ser devolvido pelo Hamas para cada 30 presos.
Em novembro de 2023, quando houve o acerto anterior de cessar-fogo entre Israel e o Hamas – mediado por Estados Unidos, Catar e Egito – foram libertados 240 presos palestinos em troca de 105 reféns, sendo 81 israelenses, 23 tailandeses e um filipino. Consideravelmente inferior ao cenário atual, a proporção na época ficou em mais de dois presos palestinos para cada refém liberado.
É impossível, porém, não citar negociações entre Israel e o grupo terrorista para liberação de presos/reféns sem lembrar do caso do soldado Gilad Shalit, que foi libertado em 2011 mediante a soltura de 1.027 presos palestinos. Shalit tinha sido sequestrado cinco anos antes, em 2006, após um ataque transfronteiriço do Hamas.
ISRAEL ADIA CESSAR-FOGO
O governo israelense adiou, nesta quinta-feira (16), a aprovação do cessar-fogo na Faixa de Gaza, afirmando que o Hamas está “renegando partes do acordo” e tentando “extorquir concessões de última hora”. Em nota, o gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que não se reunirá e assinará o acordo até ser informado de que o grupo terrorista cumprirá todos os termos da resolução.
– O Hamas renega partes do acordo alcançado com os mediadores e Israel em um esforço para extorquir concessões de última hora. O gabinete israelense não se reunirá até que os mediadores notifiquem Israel de que o Hamas aceitou todos os elementos da resolução – informa o comunicado.
Por um lado, Netanyahu tem sido pressionado a aprovar o pacto para resgatar os reféns israelenses tão breve quanto possível. Por outro, o premiê tem sido ameaçado ser deposto caso faça muitas concessões.
Após o comunicado do gabinete de Netanyahu, um membro do alto escalão político do Hamas, Izzat al-Rishq, disse, no Telegram, que o grupo está “comprometido com o acordo de cessar-fogo anunciado pelos mediadores”.
Segundo a APNews, há uma tensão entre Israel e Hamas sobre quais prisioneiros do grupo terrorista Netanyahu libertará em troca dos reféns.
A notícia de que ambas as partes concordaram com a resolução foi dada nesta quarta-feira (15) pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump. Em publicação na Truth Social, ele afirmou que em breve os reféns serão libertados, e prometeu estabelecer a “paz por meio da força” em seu novo governo, do qual tomará posse na próxima segunda-feira (20).
A previsão é que o acordo seja implementado em três fases. A primeira com a libertação de 33 reféns israelenses, dando prioridade para mulheres, crianças e idosos. O grupo terrorista mantém sob cativeiro cerca de 98 pessoas, mas ao menos 30 dela estão mortas. Os corpos serão devolvidos a Israel para que as famílias façam os ritos de despedida.
A segunda fase da resolução terá início no 16° dia após o início da implementação. A terceira e última etapa, deve incluir o começo da reconstrução da Faixa de Gaza, que será monitorada pelo Egito, Catar e pela ONU (Organização das Nações Unidas).