Em um evento realizado em Brasília, o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), fez duras críticas ao papel da Corte na regulação de questões relacionadas às redes sociais e à inteligência artificial. Fux admitiu que o STF não tem a “expertise” necessária para julgar as novas regras que estão sendo propostas para as plataformas digitais. O ministro reconheceu que o Tribunal está sendo chamado a decidir sobre temas complexos e inovadores, como a regulação das redes sociais e o uso da inteligência artificial, mas afirmou que, no momento, o Supremo enfrenta uma situação de grande dificuldade, pois as legislações sobre esses temas ainda estão em fase embrionária e carecem de clareza. Fux declarou que, no caso da regulação das redes, a Corte não tem a capacidade institucional para abordar adequadamente tais questões, dado o estágio de desenvolvimento da legislação e a falta de conhecimento profundo sobre o impacto das tecnologias.
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Durante sua fala, o ministro também criticou a postura do Congresso Nacional, alegando que parlamentares estariam transferindo para o STF as responsabilidades de tomar decisões que, segundo ele, deveriam ser resolvidas no âmbito legislativo. Fux afirmou que os deputados e senadores muitas vezes evitam “pagar o preço” das suas próprias decisões, e que a Constituição não prevê que o Supremo atue como uma espécie de substituto do Legislativo. O ministro apontou que, em muitas situações, devolver um caso ao Congresso ou não decidir sobre questões nas quais o STF não tem competência seria, na sua opinião, a melhor forma de garantir justiça. A declaração de Fux sobre a falta de preparo do Supremo para lidar com questões tecnológicas, como as redes sociais e a inteligência artificial, ressoou como um alerta sobre os limites da atuação da Corte em temas que exigem uma compreensão mais profunda de áreas específicas.
Essa declaração de Fux evidencia a crescente tensão entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário no Brasil, especialmente em um momento de crescente demanda por regulamentações sobre a internet e novas tecnologias. O STF, segundo o ministro, tem se visto envolvido em discussões que extrapolam seu papel original, enfrentando uma crise institucional em que decisões políticas são frequentemente delegadas à Corte, em vez de serem discutidas diretamente no Congresso. A regulação de tecnologias emergentes, como as redes sociais e a inteligência artificial, que impactam diretamente a sociedade, exigirá um esforço conjunto entre os três poderes, além de um trabalho mais técnico e especializado. A fala de Fux reflete um ponto de inflexão no debate sobre o papel das instituições no Brasil, evidenciando a necessidade de uma maior articulação entre o Legislativo e o Judiciário, principalmente em um cenário de mudanças rápidas e complexas.
Fonte: pensandodireita