O ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega teceu duras críticas à proposta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de criar uma moeda comum para transações entre os países do BRICS. O economista argumenta que a iniciativa pode trazer mais malefícios do que benefícios para o Brasil, devido aos desafios econômicos e políticos envolvidos na implementação de uma moeda compartilhada entre nações com economias e sistemas financeiros distintos, como é o caso dos países membros do bloco: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Para Maílson, a criação de uma moeda comum pode gerar instabilidade nas economias desses países, além de sobrecarregar o Brasil com custos de adaptação e negociação que poderiam ser evitados, especialmente em um momento em que o país ainda enfrenta dificuldades fiscais e financeiras internas.
Em contraste, Maílson destacou o recente acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia como uma das conquistas mais importantes para o Brasil em termos de inserção no comércio global. O acordo, que visa facilitar o comércio e reduzir barreiras tarifárias entre os dois blocos, abre novas oportunidades para as exportações brasileiras, especialmente para os setores de produtos agrícolas, alimentos e commodities. Para o ex-ministro, a concretização deste pacto é uma vitória estratégica, pois aumenta o acesso do Brasil a um dos maiores mercados do mundo, o que pode impulsionar o crescimento econômico e atrair investimentos externos. Maílson ressaltou que acordos comerciais como esse são mais eficazes para fortalecer a economia do Brasil do que propostas arriscadas, como a criação de uma moeda comum, que poderiam prejudicar ainda mais a estabilidade econômica do país.
A crítica de Maílson da Nóbrega à proposta de Lula também reflete a preocupação de muitos analistas econômicos sobre os impactos que uma moeda comum poderia ter no Brasil. A implementação de uma moeda única entre países com economias tão diversas exigiria um grau de integração econômica e política muito elevado, o que, segundo Maílson, está longe de ser uma realidade no BRICS. Ele adverte que, além das dificuldades práticas e financeiras, o movimento poderia gerar incertezas no mercado financeiro, afastando investidores e afetando a confiança do consumidor. Para o ex-ministro, o foco do Brasil deve ser em fortalecer sua participação em acordos comerciais que promovam o crescimento e a competitividade, como o do Mercosul com a União Europeia, em vez de investir recursos em propostas de integração monetária arriscadas.