O distrito do Arquipélago do Bailique, no litoral amapaense, é um dos locais atingidos pelo período de estiagem e salinização das águas. Por conta disso, uma máquina de dessalinização foi enviada para uma das comunidades do local e pretende se expandir às demais.
Cerca de 50 famílias estão sendo abastecidas com a água que se torna potável através da máquina. A instalação é realizada pela Companhia de Água e Esgoto do Amapá (Caesa).
A ação que iniciou no sábado (16) e seguiu até domingo (17), atendeu 22 localidades e distribuiu cerca de 60 litros da água potável.
Com o intuito de se estender à outras áreas do distrito, nesta segunda-feira (18), os serviços foram iniciados em comunidades próximas à Vila Progresso, localizado após a comunidade Maranata.
Ao total, cerca de 130 mil litros de água serão distribuídos aos moradores de 14 locais ao norte do Bailique, são eles:
- Campo do Jordão;
- Maranata;
- Equador;
- Filadélfia;
- Bom Sossego;
- Igaçaba;
- Eluzai;
- Bom Amigo;
- Monte Carlos;
- São Pedro do Bailique;
- Marrequinha;
- Ilha Vitória;
- Bailique Grande;
- Igarapé do Meio.
O chefe do Núcleo Administrativo e Operacional da Caesa, José Góes, explicou que a máquina foi instalada na localidade há cerca de um mês.
“Estamos acompanhando diariamente os resultados técnicos, pois, precisamos analisar a qualidade da água, o funcionamento dos filtros e outros. Até o momento temos dados satisfatórios”, contou.
Funcionamento da máquina
Diariamente, a máquina alcança 2,5 mil a 3 mil litros, sendo 250 a 300 litros por hora, sendo 10 horas de trabalho a cada 10 horas.
Com um sistema tecnológico, a máquina utiliza energia solar e o processo de osmose reversa, que remove substâncias contaminantes, incluindo vírus, bactérias e produtos químicos, tornando a água segura para consumo.
“A máquina consegue deixar a água dentro dos padrões de potabilidade. Isso traz uma boa expectativa, especialmente ao pensar na qualidade de vida da população, pois a água se torna livre de sal e de microrganismos patogênicos”, disse o gerente de Controle de Qualidade da Água da Caesa, Claudinaldo Ferreira.
Máquina de dessalinização da águas é enviada ao Arquipélago do Bailique — Foto: Marcia do Carmo/GEA
Emergência climática no Bailique
No mês de outubro, os moradores do distrito realizaram um mutirão para cavar o leito do Canal do Livramento, na Foz do Rio Amazonas. Estavam intrafegáveis os canais responsáveis pela conexão entre 56 comunidades no conjunto de ilhas.
O fato aconteceu devido ao processo de salinização das águas – que acontece devido ao acumulado de sais minerais, que podem partir de água da chuva, água do mar ou água de irrigação agrícola – e pelo fenômeno “Terras Caídas”, que afeta diretamente as comunidades ribeirinhas.
Outro fator que agrava a mudança climática na região norte, são os fenômenos La Niña e El Niño, que causam alterações anormais nos oceanos Pacífico e Atlântico, o que coincide com o período de estiagem e ainda as altas queimadas, resultando nas mudanças súbitas registradas nos últimos meses no estado.
No Bailique, ribeirinhos cavam leito de canal que secou durante estiagem no Amapá — Foto: Reprodução