O empresário Giovanne Biaseto, morador do interior de São Paulo, conta que desde criança sonhava em ter uma Ferrari. Após anos de busca, ele encontrou o veículo dos sonhos esquecido na garagem de uma viúva no estado do Maranhão e deu uma ‘nova vida’ ao esportivo. Após anos garimpando na internet, colecionador compra Ferrari abandonada, restaura carro e esportivo triplica de valor: ‘Sonho de infância’
Arquivo pessoal
Um empresário do interior de São Paulo, que é colecionador de carros, comprou e restaurou uma Ferrari que foi encontrada ‘esquecida’ na garagem de uma viúva, com a carroceria oxidada pela maresia e a quase 3 mil km da cidade onde ele mora.
A distância e os danos não o desmotivaram da compra. O veículo foi recuperado e, após cinco anos de espera, está rodando nas ruas – e com o valor de mercado triplicado.
Giovanne Biaseto, de 27 anos, é morador de Bragança Paulista (SP). Empresário do ramo de materiais elétricos, ele conta que desde a infância possuía o sonho de ter uma Ferrari.
Ao todo, o empresário estima que gastou R$ 300 mil na restauração, mas afirma que valeu a pena. Com o veículo renovado, o valor de mercado saltou: o carro, que ele comprou por R$ 400 mil, agora é avaliado em cerca de R$ 1,4 milhão.
A coleção começou com miniaturas de carros e ganhou novos patamares conforme foi crescendo. Já adulto, passou a ter uma coleção de carros junto com o pai, entre antigos e esportivos, mas sonhava mesmo em ter uma Ferrari.
“Desde de criança sou apaixonado pela marca, colecionava réplicas e miniaturas do carro. Hoje, eu tenho um Camaro e uma coleção com cerca de dez veículos junto com o meu pai. Entre eles, está um carro Ford 1928. É um carro antigo que era do meu avô e que meu pai conseguiu recomprar depois de anos”, afirmou.
Com a meta de ter uma Ferrari na coleção, foram anos de buscas pela internet e conversando com pessoas no mercado de automóveis, até que, em 2019, Giovanne descobriu uma viúva, que morava em São Luís, no Maranhão, e que tinha a ‘Ferrari dos sonhos’ esquecida na garagem de casa, durante um processo de espólio, após o marido falecer.
Mas, entre descobrir o carro e conseguir andar com ele nas ruas, foram cerca de cinco anos de espera. Foi preciso paciência, insistência e dinheiro pra investir na restauração.
O empresário conta que o primeiro desafio foi conseguir contato com a viúva, já idosa. Ela morava no nordeste, não tinha redes sociais e sequer tinha anunciado o veículo para venda. Ele, no sudeste, foi buscando por parentes na internet, até que, após cerca de um ano, conseguiu contato com a mulher em 2020.
“O carro, como estava preso no espólio, não podia ser vendido, era o valor de inventário. O falecido deixou imóveis para a família, mas não deixou o valor físico, por isso eles não conseguiam fazer o inventário dos bens”, explicou.
“A viúva foi super gentil, eu me apresentei, conversamos bastante, pra nos conhecer, não ter medo de golpe, ela viu que eu era uma pessoa de bem e então fizemos o andamento judicial para vender o carro. O veículo tinha vários débitos de IPVA, multas do carro, que, junto com o valor do veículo, totalizaram cerca de R$ 400 mil. O dinheiro nem foi pra ela (viúva), foi pago em depósito judicial, para o inventário”, disse.
Ferrari antes de ser restaurada por colecionador.
Arquivo pessoal
Foi cerca de um ano pra conseguir contato com a família do antigo proprietário da Ferrari e mais um ano pra conseguir fazer o processo judicial e adquirir o veículo. O veículo estava oxidado pela maresia, parado na garagem há mais de uma década, mas Giovanne viu potencial.
“A Ferrari ficou uns 15 anos guardada na garagem sem nem tirar a capa. Por causa da umidade e da maresia, por ser uma cidade litorânea e a capa original da Ferrari ser de tecido, o tempo acabou corroendo o carro. A pintura externa oxidou, se deteriorou com o carro. A Ferrari estava com o tanque cheio quando foi guardada, então o combustível do carro acabou corroendo as bombas do tanque também”, lembra.
“Essa paixão pela Ferrari sempre veio de mim, meu sonho sempre foi ter a Ferrari, sou apaixonado pelo esportivo. Eu estava procurando uma Ferrari em boas condições, mas a maioria não era do agrado, teria que fazer uma revisão profunda, mas o carro não teria originalidade. Essa que eu encontrei estava 100% original, ninguém tinha mexido nela. Persisti mais pela história, pelo fato do carro estar intacto, nunca rodou praticamente. Ele tinha só cerca de 15 mil quilômetros rodados”, disse.
O empresário trouxe o carro de guincho por quase 3 mil km até Bragança Paulista. Após pesquisar, encontrou uma empresa para fazer a restauração do veículo na cidade de São Paulo. As peças necessárias foram importadas e depois veio a jornada de restauração, que levou cerca de um ano e meio.
“A primeira parte foi fazer a limpeza, depois desmontaram o carro inteiro, ficou só o monobloco do carro. Fizeram a dessalinização, porque ficou 15 anos em maresia e precisava de um tratamento antioxidante pra não voltar o sal que estava nela e pinicar a pintura”, contou.
“Foi feita a linha de suspensão dela, a pintura de todo o agregado, parte interna e externa do monobloco, revisaram a parte elétrica, foi feita a troca de polias e extensores, troca de vela, cabo de vela, revisão em alternador, motor de partida, foram trocados os eixos de transmissão do carro, freio do carro, disco, piso de freios e por aí vai”, completou.
Ferrari sendo restaurada.
Arquivo pessoal
Há cerca de duas semanas, no dia 9 de novembro – cinco anos após ter descoberto o veículo garimpando na internet – o colecionador pegou a Ferrari repaginada no mecânico e deu o primeiro passeio. Ele descreve o dia como um dos mais felizes que já viveu.
“Esses tempos (de restauração) foram difíceis de acabar, eu acompanhava item a item, ficava ansioso. Eu peguei as chaves no dia 9 de novembro e no dia 10 já levei o carro para um encontro de Ferraris em São Paulo. Foi o segundo melhor dia da minha vida. O primeiro foi quando meu filho nasceu e o segundo o dia que andei na Ferrari. Foi uma emoção grande”, afirmou.
“É uma alegria a mais, uma coisa para agregar, é a realização de um sonho de infância. Não tenho pretensão de vender a Ferrari. Essa Ferrari vai ficar mais para o meu filho, de três anos. Ele já andou comigo nela e hoje é ele quem brinca com a minha coleção de miniaturas”, finalizou.
Ferrari após ser restaurada.
Arquivo pessoal
Ferrari após ser restaurada.
Arquivo pessoal
Ferrari após ser restaurada.
Arquivo pessoal
Colecionador ao lado do pai enquanto Ferrari era restaurada.
Arquivo pessoal
Marcas de oxidação causada pela maresia na Ferrari antes da restauração.
Arquivo pessoal
Ferrari após ser restaurada por colecionador.
Arquivo pessoal
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Fonte: G1