PF prendeu policial e quatro ‘kids pretos’ do Exército nesta terça; grupo teria tramado golpe de Estado e assassinato de autoridades para impedir posse de Lula em janeiro de 2023. Mario Fernandes é general da reserva
Marcelo Camargo/Agência Brasil
A investigação da Polícia Federal que levou à prisão nesta terça-feira (19) de quatro militares do Exército e um policial federal descreve o general de brigada Mário Fernandes, um dos alvos da operação, como “um dos militares mais radicais” e influente nos acampamentos golpistas montados após a derrota de Jair Bolsonaro na eleição de 2022.
Os dados constam da representação feita pela Polícia Federal ao Supremo Tribunal Federal (STF) para pedir a prisão dos suspeitos de planejar um golpe de Estado após as eleições de 2022 para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O grupo também é suspeito de tramar o assassinato de Lula, do seu vice Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, que à época presidia o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
PF prende grupo suspeito de planejar golpe de estado em 2022
Fernandes, ainda segundo as investigações, é apontado como um dos responsáveis diretos por elaborar o plano.
Ele exerceu o cargo de ministro interino do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, quando foi secretário-executivo da Secretaria Geral da Presidência da República entre outubro de 2020 e janeiro de 2023.
No ano seguinte, Fernandes foi também assessor do deputado federal Eduardo Pazuello, general que foi ministro da Saúde de Bolsonaro.
Os policiais tiveram acesso a mensagens trocadas entre Fernandes e integrantes do acampamento instalado em Brasília, em frente ao Quartel General do Exército, o que reforçou a tese da influência do militar.
“Assim, ressalta a autoridade policial que os contatos com pessoas radicalizadas acampadas no QG do Exército reforça que o general Mario Fernandes possuía influência sobre pessoas radicais acampadas no QG-Ex, inclusive com indicativos de que passava orientações de como proceder e, ainda fornecia suporte material e/ou financeiro para os turbadores antidemocráticos”, menciona um dos trechos do documento.
Diante disso, ele é descrito com “elevado grau de influência e liderança do intento golpista”. Outro ponto mencionado na investigação é o viés radical de Mario Fernandes.
“As provas trazidas pela autoridade policial apontam que Mário Fernandes (…) se trata, de fato, de um dos militares mais radicais que integrava o mencionado núcleo militar, fato que foi ressaltado pelo colaborar Mauro César Barbosa Cid em seu acordo de colaboração premiada”, cita.
Perfil
Segundo dados do Exército, Fernandes, natural de Brasília, iniciou a carreira militar em 1983, na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), e foi promovido em 2016 a general de brigada (duas estrelas), o primeiro dos três postos da carreira de oficial general.
Ele comandou de 2018 a 2020 o Comando de Operações Especiais, localizado em Goiânia, responsável por formar os militares chamados de “kids pretos”. Esse grupo de elite do Exército tem integrantes envolvidos na trama investigada pela PF.
Em 2020, Fernandes passou para a reserva do Exército e assumiu cargos o governo de Jair Bolsonaro, entre os quais, o de secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência, o segundo posto na hierarquia da pasta.
– Esta reportagem está em atualização
Fonte: G1