Documento achado com o militar Rafael de Oliveira detalhava meios utilizados por investigadores do assassinato para rastrear caminho de criminosos. Um dos documentos encontrados com presos na Operação Contragolpe da Polícia Federal (PF) faz menção à investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco, no Rio de Janeiro, em 2018, para discutir formas como as autoridades podem utilizar dados de telefonia para rastrear criminosos.
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O documento “Apostila Anonimização” foi identificado pela PF nos materiais do major Rafael Martins de Oliveira.
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Arquivo pessoal e Eduardo Menezes/SG/PR
Segundo a representação apresentada pela polícia ao Supremo Tribunal Federal (STF), o documento trazia “uma análise circunstancial sobre a investigação do caso Marielle Franco” e “há menção clara de que no referido caso houve a utilização de antenas de celular para ajudar na elucidação do mencionado crime.”
Os analistas da PF que avaliaram o documento destacaram trecho que falava que “apesar de não se tratar de um crime cibernético propriamente dito, dá para se ter uma ideia aqui de como se deram as investigações até chegar aos assassinos, principalmente porque nas fases anteriores ao crime houve uso de celular e pesquisas na internet que serviram de pista e de provas para a condenação dos assassinos.”
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Antenas e câmeras
O documento encontrado destaca, por exemplo, que na investigação do assassinato de Marielle “com base no local e horário do crime, a polícia fez uma lista de todos os celulares ativos naquela região” e que “as antenas registram quem está na área de cobertura, mesmo que o aparelho não esteja em uso.”
Apesar de estar com o documento que alertava para o risco dos investigadores utilizarem estes mecanismos de rastreamento, o major Rafael Martins de Oliveira teve muitas vezes a localização identificada pela PF justamente com base nas antenas de celular utilizadas na cobertura.
Outros investigados também foram rastreados pela polícia com uso das mesmas ferramentas.
Para a PF, a apostila é um dos documentos que “reforçam a adoção de técnicas avançadas de anonimização para a execução do evento ‘copa 2022′”.
O evento, segundo os investigadores, se tratava de uma possível operação para prender ou mesmo assassinar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após o adiamento de uma sessão na Corte em dezembro de 2022.
Fonte: G1