A Justiça de Alagoas determinou nesta quarta-feira (2) a soltura do delegado preso pela Polícia Federal por fraude de provas do inquérito que investiga a morte do empresário Kleber Malaquias, assassinado em julho de 2020, em Rio Largo.
A decisão foi da Câmara Criminal do Tribunal de Justiça, que entendeu que, “apesar de a acusação ser gravíssima, os crimes imputados ao delegado não foram cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa”.
Dessa forma, o colegiado entendeu que a aplicação de medidas cautelares seria suficiente para impedir que o delegado volte a interferir no caso. As medidas cautelares foram:
- Proibição absoluta de manter contato com pessoas relacionadas aos fatos investigados sobre o homicídio de Kleber Malaquias (acusados, testemunhas, e declarantes)
- Obrigação de comparecer a todos os atos do processo em que figura como acusado
- Retirada de qualquer função de direção até a conclusão do processo
No dia 23 de setembro, o juiz Alberto Jorge Correia de Barros Lima negou pedido liminar de habeas corpus feito pela defesa do delegado. O julgamento do habeas corpus então precisou passar pela Câmara Criminal do Tribunal.
O delegado, que é diretor de Polícia Judiciária da Região 1 (DPJ1), foi preso no dia 18 de setembro. Ele foi denunciado pelo Ministério Público Estadual (MP-AL) por fraude processual, revelação de sigilo funcional e abuso de autoridade.
Segundo a denúncia, o delegado manipulou provas para direcionar a autoria do homicídio de Kleber Malaquias ao PM Alessandro Fábio da Silva, que foi morto a tiros pela companheira, e inocentar os verdadeiros culpados, em trocas de favores.
Prints de conversas entre delegado e um dos suspeitos
Prints mostram conversas que incriminam delegado da PC-AL, segundo o Ministério Público
Um relatório da Polícia Federal revelou troca de mensagens entre o delegado e um agente da Polícia Civil, preso no dia 2 de setembro por suspeita de envolvimento na morte de Kleber Malaquias.
A TV Gazeta teve acesso aos prints das mensagens. As primeiras mostram a relação de proximidade entre os dois. O delegado chama ele de “meu amigo” e mostra um pernil já assado que teria ganho do policial.
Em outra mensagem, o policial civil convida o delegado para almoçar. Em outra sequência de mensagens o delegado envia fotos com um depoimento ligado ao caso para o policial que é investigado no mesmo inquérito.
Vítima foi assassinada há 4 anos no dia do seu aniversário
Kleber Malaquias, conhecido como Bode Rouco, foi assassinado dentro de um bar, em Rio Largo — Foto: Redes sociais
Kleber Malaquias foi assassinado dentro de um bar em Rio Largo, na tarde de 15 de julho. A execução foi arquitetada pelos envolvidos, que atraíram Kleber Malaquias até o Bar da Buchada para realizar o assassinato.
A polícia acredita que a morte tenha tido motivação política e se trata de um crime de mando. Ele chegou a testemunhar contra o desembargador Washington Luiz no processo da tentativa de homicídio contra o juiz Marcelo Tadeu.
Fonte: G1