Presidente do Brasil menospreza aqueles que arriscam suas vidas lutando contra o regime de Maduro
Quando afirma que nada de “anormal” está ocorrendo na Venezuela após a “vitória” de Nicolás Maduro, o ditador aliado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desconsidera a luta dos venezuelanos contra o regime e normaliza a fraude eleitoral. Essa é a opinião expressa pelos jornais Folha de S.Paulo e O Estado de S. Paulo em seus editoriais de quinta-feira, dia 1º.
Segundo o Estadão, a conduta de Lula é uma desonra para o Brasil e para os brasileiros que valorizam a democracia e os direitos humanos, sem levar em conta suas inclinações políticas ou ideológicas.
“Com um cinismo incomum até para os padrões lulopetistas, o presidente da República tratou a eleição no país vizinho como um pleito justo, no qual ‘as pessoas que não concordam’ com o resultado podem recorrer à Justiça e ‘o governo tenha o direito de provar que está certo’”, diz a publicação.
“A falsa isonomia de Lula é de uma crueldade repulsiva com todos os que ousam enfrentar o regime chavista, pois o petista sabe muito bem que ‘Justiça’ na Venezuela tem nome e sobrenome: Nicolás Maduro”, acrescenta o jornal.
Enquanto isso, a única instituição independente que pôde atuar como observadora do pleito, o Centro Carter, concluiu que a eleição na Venezuela “não atendeu aos padrões internacionais de integridade eleitoral em nenhum de seus estágios e violou numerosas determinações de sua própria legislação nacional”, razões pelas quais “não pode ser considerada democrática”.
Ademais, o tirano utilizou as forças estatais e as milícias para reprimir aqueles que ousaram desafiar o regime chavista. Em apenas 72 horas depois da “diplomação” de Maduro, já se contabilizam dezenas de mortes de opositores na Venezuela, além de centenas de sequestros e detenções arbitrárias.
Para Lula, porém, nada disso é considerado “grave” ou “anormal”.
“Para o petista, enquanto a Venezuela do ditador Maduro é um país plenamente democrático, o Brasil que afastou a presidente Dilma Rousseff num processo previsto na Constituição e amplamente corroborado por instituições livres e soberanas testemunhou um ‘golpe’”, diz o Estadão.
A Folha, por sua vez, avalia que a resposta de Lula ao resultado das eleições foi caracterizada por um “cinismo vil e cúmplice”.
Na publicação, o líder brasileiro rememora seu infame comentário do ano passado sobre o conflito na Ucrânia, equiparando a Rússia invasora e a nação invadida — “Quando um não quer, dois não brigam”, afirmou Lula naquele momento.
“O petista, mais uma vez, deixa escrúpulos de lado na defesa acovardada de tiranias que partem de um camarada seu, seja Vladimir Putin, seja Nicolás Maduro”, afirma o jornal.
Lula ajusta a retórica em diálogo com Biden
Em uma conversa telefônica longe dos microfones e holofotes, o petista dialogou com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. De acordo com a Casa Branca, Lula concordou com a “necessidade de divulgação completa e imediata” dos dados sobre a votação na Venezuela.
A posição inicial do Itamaraty foi essa, conforme indicado pela Folha, apontando o caminho menos desonroso para o Brasil seguir. “Mas, infelizmente, o descaramento de Maduro e a pusilanimidade do presidente brasileiro parecem nos reservar mais vergonhas.”
“Quando olha no espelho e ajeita a gravata todas as manhãs, Lula decerto enxerga um grande estadista”, acrescenta o Estadão. “Na realidade, porém, o petista é apenas um peão nesse rearranjo geopolítico que há alguns anos tem nas disputas entre os Estados Unidos e a China o seu eixo central.” As informações são da Revista Oeste