O Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ-AL) determinou a suspensão imediata da greve dos agentes comunitários de saúde e de endemias de Maceió, que paralisaram as atividades há quase dois anos. Em sua decisão, o desembargador Márcio Roberto Tenório considerou o aumento do número de casos e de mortes por dengue na capital.
Segundo a prefeitura de Maceió, a média diária de agentes trabalhando é de apenas 57, o que corresponde a 13% de trabalhadores em atividade. Para o magistrado, o baixo número de trabalhadores tem relação com a situação epidemiológica na capital.
“Tal expressividade indica uma íntima relação com a drástica redução no número de agentes de combate às endemias e agentes comunitários de saúde em atividade, quando se tem em vista que estes servidores desempenham relevante função no âmbito preventivo da saúde pública”, disse o desembargador.
O desembargador também justificou que movimentos grevistas por longo período podem desgastar os direitos coletivos, sobretudo aqueles que põem em risco a saúde da população.
“Não se desconhece que o direito dos servidores públicos à greve possui estatura constitucional, o que possibilita a paralisação das atividades laborais, desde que observadas as regras impostas na legislação e na respectiva jurisprudência. Todavia, não se pode admitir que a aplicação de tal direito afete de maneira a quase esvaziar o princípio da continuidade do serviço público, mormente após a preservação do movimento paredista por considerável período”
O Sindicato dos Agentes Comunitários de Saúde de Alagoas (Sindacs) informou que espera ser notificado sobre a decisão para se pronunciar (leia a nota ao final do texto).
Maurício Sarmento, um dos líderes do movimento, informou que, quando for notificada, a categoria pretende convocar uma nova assembleia.
“O fato é que Maceió vem descumprindo a ordem constitucional ao não pagar o piso da categoria. Além disso, eles devem fornecer todas as condições adequadas para o enfrentamento à dengue em Maceió, que sequer tem um plano de contingenciamento”, afirmou.
A reportagem entrou em contato com a prefeitura de Maceió para cobrar um posicionamento, mas não teve resposta até a última atualização desta reportagem.
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Agentes de endemias de Maceió estão há quase 2 anos em greve — Foto: Maurício Sarmento
A greve dos agentes comunitários de saúde e de endemias começou em outubro de 2022. A categoria pede a implantação do piso salarial nacional como vencimento inicial da carreira. O piso nacional no valor de dois salários mínimos começou a valer em maio daquele ano.
Antes de deflagrar a greve, cerca de 600 trabalhadores chegaram ocupar a Secretaria de Gestão e Economia (Semec) por uma semana, quando a categoria cumpriu a ordem judicial para desocupá-lo. Depois, eles acamparam em frente ao prédio da Secretaria de Saúde de Maceió (SMS).
Leia a nota do Sindacs na íntegra:
O Movimento Unificado pela Implantação do Piso Salarial dos Agentes de Saúde , vem por meio desta informar que, no início da tarde de hoje, quarta-feira, 31 de julho, tomamos conhecimento de uma suposta decisão da justiça com relação a nossa greve.
As entidades que compõem o Movimento ( SINDAS, SINDSAUDE, SINDACS/AL ) informam que ainda não foram notificadas da decisão judicial e só a partir dessa notificação oficialmente é que o movimento poderá se posicionar.
O movimento orienta a categoria a aguardar a notificação das entidades pelo poder judiciário. A luta continua.
Fonte: G1