Uma menina de 8 anos que sofreu bullying na escola por causa da sua aparência deu uma resposta surpreendente contra o preconceito ao ler uma carta em sala de aula sobre o orgulho que sente de si mesma e das suas características físicas. A mãe da criança enviou á reportagem um vídeo que mostra trecho da leitura feita na segunda-feira (11) .
“Já pensou se todos fossem iguais? Acho que as pessoas teriam que andar com o nome escrito na testa para não serem confundidas. Eu tenho meu cabelo cacheadinho, nasci assim e meu cabelo é muito lindo. Tenho orgulho da minha cor, do meu cabelo e do meu nariz. Sou assim e sou feliz”, diz a menina durante a leitura.
Israelle é aluna do 3º ano do Ensino Fundamental da Escola Municipal Baltazar de Mendonça, que fica no Jacintinho, em Maceió. Thamara Santiago contou que a filha foi chamada pelos colegas de “cabelo de bucha” e “cabelo de bombril”, o que levou a menina a pedir para alisar o cabelo.
“Foi muito triste ver o sofrimento da minha filha. Quando eu lembro da tristeza dela ainda me dói. Ela sempre gostou do cabelo dela, mas na última sexta-feira chegou da escola muito triste, calada e me perguntou se podia alisar o cabelo para que ele ficasse mais bonito”, contou Thamara.
Segundo a mãe, Israelle nunca tinha sofrido bullying, até então. Quando relatou o episódio, a primeira ideia da mãe foi formalizar uma reclamação na escola, mas depois ela repensou.
“Quando aconteceu, pensei em ir lá falar com a escola, brigar, mas depois percebi que a carta seria uma boa forma de mostrar para as outras crianças o que o bullying faz e que é algo muito sério”, explicou a mãe.
A reportagem encontrou em contato com a direção da escola, que informou que combate a prática do bullying com trabalhos de conscientização feitos periodicamente com os alunos.
Na carta, escrita com a ajuda da mãe, a criança exalta a sua cor da pele e defende o respeito pelas diferenças. “Enquanto ela lia, ela ficou emocionada”, afirmou Thamara.
A ideia do vídeo deu certo! Segundo Thamara, muitas crianças passaram a elogiar o cabelo da filha depois que ela leu a carta em sala de aula.
“Ontem ela me contou que os alunos falaram para ela que o cabelo dela era lindo e até perguntaram como é que ela fazia o penteado dela. Foi importante o vídeo, as crianças não podem esconder o que sentem e as mães precisam procurar saber”, ponderou Thamara.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2024/x/H/yKObelRiGW2Hg5I7VkGA/israelle-1.jpg)
Israelle falou sobre combate ao bullying em sala de aula — Foto: Arquivo pessoal/Thamara Santiago
Fonte: G1