Jujuy, ao noroeste da Argentina, é a última das províncias do país: faz divisa com a Bolívia, com o Chile e, dentro do território, com Salta. Tal localização geográfica resulta em belezas naturais e históricas que nos deixam fascinados, em que somos fisgados por colinas multicoloridas, vilarejos pitorescos e até deserto de sal.
Visitar as maravilhas da região sem pressa, conhecer a fundo a cultura local, pernoitar em um hotel boutique e se entregar à gastronomia de influências andinas junto de vinhos de extrema altitude estão entre as melhores opções do que fazer em Jujuy.
Não muito comum nas intenções de viagem dos brasileiros, que seguem para Buenos Aires, Mendoza e para a Patagônia, Jujuy se diferencia das outras áreas argentinas por sua simplicidade e pelas paisagens montanhosas e áridas arrebatadoras esculpidas pela natureza por milhões de anos.
Como chegar e quando ir
A cerca de 1.500 km de Buenos Aires, a província pode ser visitada por nós brasileiros a partir de uma conexão nos aeroportos da capital.
O principal aeroporto que serve Jujuy é o Aeroporto Internacional Gobernador Horacio Guzmán, na cidade de San Salvador de Jujuy, capital da província e porta de entrada para todos os outras cidadezinhas, como Purmamarca, Tilcara e Humahuaca.
Os meses do outono e da primavera são os mais recomendados para se visitar as localidades de Jujuy. Para as gravações do CNN Viagem & Gastronomia, visitei a região em maio, no finzinho do outono, e desfrutei de temperaturas agradáveis e experiências incríveis.
Mesmo a região podendo ser visitada ao longo do ano, fique atenta à estação do inverno, já que várias das localidades de Jujuy ficam a mais de três mil metros de altura e em cenários desérticos, que sofrem com amplitudes térmicas extremas.
A dica é também alugar um carro, ou fazer traslados com transporte privado, já que o roteiro por Jujuy pode ser esticado para aproveitar ainda as maravilhas de Salta e da região de Cafayate, com estradas para lá de cenográficas.
5 passeios imperdíveis em Jujuy
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Cerro de los Siete Colores

Purmamarca é um vilarejo pitoresco a cerca de 1h30 do Aeroporto Internacional Gobernador Horacio Guzmán que deve estar no roteiro por Jujuy.
Além do charme local com feirinha de artesanato na pracinha central e semelhanças com os vizinhos Chile e Bolívia, o povoado é abraçado por um dos cartões-postais mais emblemáticos da província: o Cerro de los Siete Colores, ou a colina das sete cores.
A atração turística-natural foi originada há centenas de milhões de anos a partir de vários sedimentos depositados aqui durante os séculos. As cores vêm da concentração de minerais e estudos indicam que o verde e o violeta são originários dos oceanos, o amarelo das lagoas e o vermelho e laranja dos rios. A erosão também contribui para que a paisagem esteja em constante transformação.
Hoje podemos apreciar esta explosão de cores esculpida a partir de vários pontos do vilarejo com a ajuda de mirantes pelos arredores. E anote a dica: o melhor período para apreciar o Cerro Siete Colores é pela manhã, quando a luz do sol bate e o deixa toda iluminado.
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Serranía de Hornocal

Se o Cerro de los Siete Colores nos apresenta suas “sete cores”, então a Serranía de Hornocal dobra esse montante e nos deslumbra com suas “14 cores”, já que o atrativo natural é apelidado de Cerro 14 Colores.
Número exato ou não, fato é que visitar a Serranía de Hornocal é um dos passeios imperdíveis de Jujuy e da Quebrada de Humahuaca pelo arrebatamento que seu tamanho e tonalidades nos causam.
Situada a cerca de 25 km da cidade de Humahuaca, somos testemunhas de cores que variam entre branco, amarelo, vermelho e várias outras, que podem ser admiradas a partir de um mirante logo em frente, o qual fica a uma altitude de impressionantes 4.344 metros acima do nível do mar.
É possível chegar no local com ajuda de agências de viagem, transportes particulares e também carros.
A história nos diz que estas terras um dia já foram mar e rio e hoje formam uma das cadeias de montanhas mais bonitas de toda a América do Sul, o que se estende para toda a Quebrada de Humahuaca.
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Quebrada de Humahuaca

Quando falamos em Jujuy é também indispensável citar a Quebrada de Humahuaca, vale montanhoso e árido que é lar do Cerro de los Siete Colores e do Cerro 14 Colores. Assim como suas atrações mais conhecidas, todo este conjunto de montanhas nos encanta com suas diferentes tonalidades e camadas.
Formado pela movimentação das placas tectônicas há mais de 500 milhões de anos, o vale corta a província de Jujuy e chega a ter picos que atingem os três mil metros de altitude. A Quebrada de Humahuaca tem tamanha importância histórica e geológica que é Patrimônio Mundial da Unesco, o que fez com que a região ganhasse visibilidade com cada vez mais novos viajantes que se maravilham com as formações naturais daqui.
A Quebrada de Humahuaca se destaca pelas cidadezinhas ao longo do caminho e por resquícios históricos. Foi uma importante rota comercial nos últimos 10 mil anos, faz parte do Caminho Inca e também foi palco para lutas de independência.
Além da Serranía de Hornocal e de Purmamarca, vale ainda a passagem por Humahuaca, a cidade que dá nome a quebrada, a Maimará, com o paredão rochoso colorido chamado de Paleta del Pintor, a Garganta del Diablo, que é como um minidesfiladeiro com cascata, e o vilarejo de Tilcara com a Pucará de Tilcara.
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Pucará de Tilcara
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Daniela Filomeno na Pucará de Tilcara, antiga fortificação de povo pré-hispânico no coração da Quebrada de Humahuaca
Crédito: CNN Viagem & Gastronomia
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Pucará de Tilcara é antiga fortificação de povo pré-hispânico; pirâmide foi construída em homenagem aos que descobriram o local no século 20
Crédito: Bernard Gagnon
A cerca de meia hora de Purmamarca fica Tilcara, cidade na Quebrada de Humahuaca ocupada antigamente por indígenas que foram submetidos à chegada dos espanhóis.
Os cenários aqui são para lá de especiais, como saídos da ficção – isso vale para toda província de Jujuy -, mas uma das atrações que chama ainda mais a atenção é a Pucará de Tilcara.
Em quechua, “pucará” significa “forte” ou “fortificação”, o que já ajuda a dar uma prévia do que encontramos no destino. Pucará de Tilcara foi um povoado pré-hispânico que se encontra em um morro de 70 metros e que foi ocupado dos anos 1000 d.C até a chegada dos espanhóis.
Hoje, a Pucará é um sítio arqueológico dividido em bairros, centros cerimoniais e até pirâmide, esta última construída no século 20 em torno das ruínas em homenagem aos arqueólogos que encontraram o local na primeira década de 1900.
Interessante é que os cactos que vemos aos montes por aqui pertencem ao Jardín Botánico de Altura, que soma ainda diversas espécies de plantas da região e que fica junto à fortaleza.
Além disso, objetos encontrados pelas redondezas e artefatos antigos de diversas culturas indígenas, assim como explicações da história da alimentação na região e a vida rotineira do passado daqui, podem ser vistos no Museu Arqueológico Dr. Eduardo Casanova, em frente à praça principal. Tudo é como uma aula de história a céu aberto com cenário de tirar o chapéu.
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Salinas Grandes – Piletones de Sal
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Salinas Grandes, o deserto de sal argentino, faz parte de Jujuy e Salta
Crédito: CNN Viagem & Gastronomia
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Piletones de sal nas Salinas Grandes da Argentina
Crédito: CNN Viagem & Gastronomia
Você provavelmente já ouviu falar do deserto de sal da Bolívia, o Salar de Uyuni, mas a Argentina também tem um deserto do tipo para chamar de seu. As Salinas Grandes estão geograficamente localizadas tanto na província de Jujuy quanto na de Salta, a 3.450 metros acima do nível do mar.
Entre as cinco maiores planícies de sal da América do Sul, as Salinas Grandes nos oferecem paisagens fascinantes e insólitas e ainda são usadas como ponto para extração do sal.
Com uma área de 212 km², o local tem origem vulcânica de aproximadamente 10 milhões de anos, quando as placas tectônicas do continente colidiram com o Pacífico. Montanhas se ergueram, uma bacia foi formada e quando os vulcões entravam em erupção, minerais e rochas desciam e se depositavam aqui. Eventualmente as águas evaporaram e deram forma às salinas que vemos hoje.
As extrações de sal podem ser para diferentes fins: como complemento para alimentação de animais e para fazer artesanato; para a indústria, como preparação de produtos de limpeza; e também para a cristalização através de piscinas construídas uma atrás da outra chamadas de piletones – que são superfotogênicas.
Chama a atenção ainda os ojos del salar, grandes lagos que aparecem naturalmente no meio das salinas.
Chegar aqui requer perseverança, já que atravessamos uma tortuosa estrada de 139 km, onde temos que literalmente atravessar a montanha ao longo de mais de três horas. A paisagem é recompensadora e a estrada que une Jujuy chega até o Chile.
Vale lembrar que a amplitude térmica aqui é uma realidade: pode fazer muito calor e muito frio, até temperaturas negativas, em um mesmo dia por conta da região ser desértica e também estar a uma altitude elevada. O mais recomendado é conhecer o local com guias e agências especializadas, com um conhecimento melhor da área.
Fonte: cnnbrasil