Os bancos de areia mudaram a paisagem daquele que é considerado a maior bacia hidrográfica do Espírito Santo, o Rio Doce. Em Linhares, no Norte do estado, pequenas mini-ilhas se formaram devido ao assoreamento e à falta de chuva nesta época do ano (veja fotos na galera).
Apesar da redução do volume de água ser esperada no inverno, estação mais seca devido às poucas chuvas, especialistas acreditam que as ações humanas sobre o meio ambiente estão agravando a saúde do rio.
Bancos de areia formam mini-ilhas no Rio Doce, em Linhares
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Professora do departamento de Oceanografia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Jacqueline Balbino explicou que o desmatamento e o uso da bacia hidrográfica de forma inadequada estão entre as causas desse fenômeno.
“Porque quando chove, por exemplo, e não tem uma vegetação protegendo, o solo é lavado e uma maior quantidade de sedimentos vai para neste canal”, disse Balbino.
A docente explicou ainda que o rompimento da barragem em Mariana, em Minas Gerais, em 2015, também foi uma das causas do agravamento do assoreamento do Rio Doce. Na época, a lama de rejeitos arrastou cerca de 40 milhões de m³ de sedimentos para o leito do rio.
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“Foi uma carga de sedimentos que era maior do que o rio conseguia transportar. O Rio Doce transportou até a região costeira, mas parte destes sedimentos ainda estão no canal”, disse a professora.
Redução do volume de chuva
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Bancos de areia no Rio Doce, em Linhares, ES — Foto: Reprodução/TV Gazeta
O avanço dos bancos de areia também está relacionado ao longo período de estiagem na bacia do Rio Doce no Espírito Santo. Levantamentos meteorológicos realizados pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) mostraram que o período mais crítico vai de maio a setembro.
De acordo com o meteorologista do Incaper, Hugo Ramos, além dos períodos de seca, o aumento da população também contribuiu para o assoreamento do rio. São mais construções ao longo do leito do rio, o que leva ao aumento do desmatamento.
“Com a pressão da população para o uso da água, seja para o consumo ou nas lavouras, também contribuiu para essa manutenção mínima da quantidade de água no rio e para a formação dos bancos de areia”, disse o meteorologista.
Quais as possíveis soluções?
A professora Jaqueline Balbino explicou que uma das saída para devolver a saúde ao rio é repensar ações e investir em estudos que identifiquem os pontos mais críticos.
“Cuidar das margens, cuidar da vegetação, identificar pontos de erosão. Acho que pode ser feito um estudo de mapeamento de como está a mobilidade, como está o uso da bacia hidrográfica”, finalizou a professora.
Fundação Renova
Questionada sobre os rejeitos de minério que chegaram ao Rio Doce após o rompimento da barragem de Mariana, a Fundação Renova disse que fez um estudo ambiental para avaliar a quantidade de sedimentos no rio após a tragédia.
A Renova disse que, segundo as análises, até 2019, houve uma redução de 34% no volume de rejeitos do leito, o que confirma a tendência de retorno aos padrões registrados antes da tragédia.
A Fundação disse ainda que a qualidade da água voltou ao que era antes da rompimento da barragem.
Fonte: G1