A garrafa de Speyer, que remonta ao período entre 325 e 350 d.C, é considerada a garrafa de vinho mais antiga do mundo. Ela faz parte do acervo do Museu do Vinho de Speyer, cidade alemã onde foi descoberta em 1867.
A análise do seu conteúdo revelou que ela contém um líquido à base de etanol. Mas a garrafa de vidro permanece fechada — e o ano da safra é desconhecido.
Os enólogos de plantão devem ter cuidado antes de se candidatar a prová-la, uma vez que o sabor das bebidas preservadas ao longo da história pode ser pungente, para dizer o mínimo.
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“O vidro é feito principalmente de sílica, que é uma substância natural”, afirma Franziska Trautmann, uma das fundadoras da empresa Glass Half Full, de Nova Orleans, nos Estados Unidos. A companhia recicla vidro transformando o material em areia, que pode ser usada para restaurar costas e zonas impactadas por desastres.
A sílica, ou dióxido de sílica, compõe 59% da crosta terrestre. E, como é um composto natural, não existe preocupação com sua lixiviação ou degradação ambiental.
Por tudo isso, o vidro costuma ser indicado como uma alternativa mais sustentável ao plástico. Mas a pegada ambiental das garrafas de vidro é maior que a do plástico e de outros materiais usados para embalagem, como as latas de alumínio.
A mineração da areia de sílica pode causar danos ambientais significativos, que vão da deterioração do terreno até a perda da biodiversidade. E também foram descobertas violações de direitos básicos dos trabalhadores em Shankargarh, na Índia — o maior fornecedor de areia de sílica para a indústria de vidro daquele país.
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Estudos mostram que a exposição prolongada ao pó de sílica pode trazer riscos para a saúde pública. Ela pode gerar silicose aguda, uma doença pulmonar crônica e irreversível, causada pela inalação de pó de sílica por extensos períodos.
A silicose pode surgir inicialmente com uma tosse persistente ou respiração curta, podendo resultar em parada respiratória.
A extração de areia para a produção de vidro também pode ter colaborado para a atual escassez de areia no planeta. A areia é o segundo recurso mais utilizado do mundo, depois da água.
Os seres humanos consomem cerca de 50 bilhões de toneladas de “agregados” (termo industrial para designar areia e cascalho), todos os anos. Seus usos variam da regeneração da terra até a fabricação de microchips. E, segundo as Nações Unidas, a areia é atualmente consumida com mais rapidez do que pode ser reposta.
O vidro exige temperaturas mais altas que o plástico e o alumínio para se fundir e ser moldado, segundo a pesquisadora Alice Brock, aluna de doutorado na Universidade de Southampton, no Reino Unido. E a matéria-prima para a fabricação de vidro bruto também libera gases do efeito estufa durante o processo de fusão, o que aumenta sua pegada ambiental.