Será mesmo que a viagem era humanitária ou trata-se de flagrante de turismo sexual praticado por parlamentar no exercício do mandato, aproveitando-se do cargo em missão num país arrasado pela guerra em pleno século XXI? O que é pior, a guerra e seus efeitos ou a perversidade humana?
O Brasil acordou estarrecido neste sábado (5) depois de ouvir os áudios do deputado estadual por São Paulo, Arthur do Val, o Mamãe Falei (Podemos-SP), e recentemente, pretenso candidato ao governo do Estado de São Paulo. Homens e mulheres em uníssono estão chocados com o que revelou as falas do deputado, vazadas em áudio que circula pela internet.
Aproveitar-se da situação de fragilidade de mulheres em decorrência da guerra e da pobreza em um país massacrado por uma potência militar, é no mínimo algo abominável, inaceitável. Vale o ditado popular que diz: “Quem fala demais dá bom dia a cavalo”. O escândalo não é o primeiro envolvendo membros do MBL. No entanto, desta vez a trapalhada passou de todos os limites. Não se aproveita de mulheres em nenhuma circunstância, e menos ainda em um país invadido como é o caso da Ucrânia.
Arthur do Val, o Mamãe Falei como ele mesmo faz questão de se nominar, se meteu numa enrascada incorrigível, imperdoável e que expõe o Brasil. A fala repugnante mostra a personalidade, o nível do homem e a falta de decoro do político. De quebra levou junto o coordenador do MBL Renan Santos ao mencionar viagens de cunho sexual sob o pretexto de ensinar Ucranianos a preparar cokteis motolov e que não deixa de ser uma provocação ao líder russo Wladmir Putin.
Arthur não pensou no cenário de guerra, no pânico e destruição de famílias que sofrem os horrores da guerra imposta por Putin que pode ter desdobramentos planetários. Não deve saber o significado de empatia, solidariedade, generosidade e respeito. Mesmo assim é parlamentar. Ele conseguiu reduzir as mulheres ucranianas a mero objeto sexual descartável.
Não poupou o sofrimento e ainda usou termos chulos, escatológicos para descrever seu interesse nas policiais da fronteira. De certo também, não será poupado e terá sua curta carreira encerrada tão logo retorne ao Brasil. Os detalhes da fala jamais serão esquecidos, em especial o trecho que cita: “elas são fáceis porque são pobres”.
Em dois minutos de áudio foi possível perceber a índole do homem e a incapacidade para o exercício da política do parlamentar. A prostituição é uma das consequências mais dramáticas das guerras. “Na guerra as pessoas se prostituem para sobreviver”, foi o que lembrou o jornalista Augusto Nunes do Programa Pingos nos Is da Jovem Pan. Arthur, na leitura da jornalista Ana Paula Henkel, companheira de bancada de Augusto, “é um verdadeiro predador da pior espécie querendo dar em cima de mulheres fragilizadas pela guerra. Vou mais longe: é um canalha”. O programa da emissora foi um dos primeiros a revelar os áudios no início da noite desta sexta-feira (4).
Recentemente o MBL se envolveu em outro escândalo, protagonizado pelo também deputado federal Kim Kataguiri (Podemos-SP) defendendo o nazismo num programa ao vivo. Ambos foram eleitos na sombra de Jair Bolsonaro, não custa lembrar. E hoje são críticos ferrenhos do presidente que os elegeram, chegando a pedir o impeachment dele. Contradição maior não há!
Repare que no dicionário dos dois parlamentares a palavra lealdade é figura retórica. O inferno astral do MBL não é mera coincidência, é a materialização da lei do retorno que costuma ser implacável com os oportunistas, em especial com os políticos que entram pela porta da sala.
Texto adaptado do jornalista José Aparecido Ribeiro e o Dr. Jandir Loureiro participante do grupo Médicos Pela Vida








