Uma potencial base militar da China na Guiné Equatorial, na costa atlântica da África, seria negociada antes com os Estados Unidos. A avaliação é de Javier Vadell, professor de Relações Internacionais da PUC Minas e especialista em relações entre China e América Latina.
“Se houver alguma base militar, vai ser negociada com os Estados Unidos. Não vejo alternativa. Se a China pretende de fato isso (…) Essa é a minha opinião em relação à regularidade de comportamento [dos dois países]”, disse Vadell, em entrevista a O Antagonista.
Segundo reportagem do Wall Street Journal publicada no domingo passado (5), relatórios de inteligência dos EUA sugerem que a China planeja instalar uma base militar na Guiné Equatorial.
“A possibilidade de um porto de águas profundas virar uma base militar logicamente que pode se dar. É como se você tivesse uma faca: pode matar uma pessoa ou partir um churrasco. Então o instrumento em si não é o problema”, acrescentou o professor.
O porto chinês, que já existe, fica em Bata, a maior cidade do pequeno país de 1,4 milhão de habitantes.
Para Vadell, outros planos chineses em curso têm mais impacto para a América Latina do que a eventual instalação de uma base militar no oceano compartilhado pelos dois continentes.
“Eu vejo mais impacto para a América Latina na cooperação, por exemplo, de China e Argentina (…) Se falou há pouco tempo que a Força Aérea Argentina poderia comprar caças chineses. Isso tem muito mais relevância, inclusive para os Estados Unidos, do que uma base militar no estilo Djibouti”.
O professor se refere à única base militar chinesa conhecida no estrangeiro: uma instalação no Djibouti, do outro lado da África, na costa do Oceano Índico. Essa base foi estabelecida em 2017. Os EUA também têm uma base no mesmo país, chamada Camp Lemonnier, que abriga cerca de 4.500 soldados americanos.
Na entrevista, Vadell também comentou um desenvolvimento importante: nesta sexta (10), o ditador Daniel Ortega, da Nicarágua, rompeu relações com Taiwan, reconhecendo a República Popular da China.
A Guiné Equatorial é governada desde 1979 pelo ditador Teodoro Obiang, cujo vice-presidente é Teodorín, seu filho. Teodorín tem vários laços com o Brasil: foi o idealizador do patrocínio ao desfile da Beija-Flor no Carnaval de 2015.
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Fonte: TerraBrasilNoticias