Os eleitores nordestinos são majoritariamente lulistas. Isto não significa, contudo, que o antilulismo esteja ausente da região. O lulismo é uma manifestação positiva dos eleitores nordestinos para com o ex-presidente Lula. Tal manifestação representa gratidão pelas políticas sociais realizadas nas eras Lula. Representa também, boas lembranças. Segundo uma eleitora, conforme revelou pesquisa qualitativa realizada pela Cenário Inteligência, o “presidente Lula fez o Estado bater em nossa porta”.
O presidente Bolsonaro, intencionalmente ou não, relega, até o instante, o Nordeste. Até o momento, o presidente Bolsonaro não veio à região. Tal decisão é equivocada, pois o Nordeste representa, majoritariamente, o seu principal adversário, o lulismo. E é no Nordeste que o presidente Bolsonaro tem índices preocupantes de avaliação.
Segundo recente pesquisa Datafolha realizada no início do mês de abril, 39% dos eleitores nordestinos reprovam o governo Bolsonaro. 24% o aprovam. 68% afirmam que ele fez menos pelo país do que esperavam. 61% consideram que ele trabalha pouco. E 68% afirmam que ele respeita mais os ricos. Observem que os sentimentos do eleitorado nordestino não são positivos para com o governo Bolsonaro neste momento.
No próximo ano, ocorrerão eleições municipais. Irão existir competidores que evocarão o bolsonarismo para vencer a eleição para prefeito. Tal estratégia é adequada? Neste instante, observo que numa eleição polarizada entre as categorias Esquerda versus Direita, o lulismo levará vantagem. Em particular, se esta polarização ocorrer em cidades com mais de 50 mil eleitores e em capitais. Obviamente, que gestores bem avaliados podem anular o debate entre Esquerda versusDireita.
O presidente Bolsonaro insiste que o seu principal adversário é Lula, o PT e a Esquerda. Deste modo, se ele é sábio, o quartel-general lulista precisa ser atacado com ações que promovam a satisfação do eleitorado nordestino. Caso não, é possível que em 2020 as eleições no Nordeste venham representar um forte recado ao presidente, isto é, o desempenho eleitoral do bolsonarismo poderá ser sofrível.
Como conquistar o eleitor nordestino? Simples. Políticas de inclusão social e geração de empregos. E uma reforma da Previdência que não permita que o nordestino crie o sentimento de que foi atingido negativamente por ela. O governo Bolsonaro fará?
Adriano Oliveira – Doutor em Ciência Política. Professor Associado da UFPE.