De passagem pelo Rio de Janeiro com seu show de forte conteúdo político, Roger Waters homenageou na noite desta quarta-feira, 24, a vereadora carioca Marielle Franco, assassinada em março, e recebeu em seu palco, no Maracanã, a filha dela, Luyara Santos, a viúva, Mônica Benício, e a irmã, Anielle Franco. Elas entregaram ao cantor britânico, fundador do Pink Floyd, uma camiseta com os dizeres “Lute como Marielle Franco”, que ele imediatamente vestiu. Waters abriu o microfone às três, que puxaram um coro de “ele não”, referindo-se ao presidenciável Jair Bolsonaro (PSL). A plateia em parte aplaudiu, em parte, vaiou o trio enlutado.
O músico, que tocou todo o tempo debaixo de chuva, contou ter ficado de “coração partido” ao ler sobre a execução da parlamentar num jornal, à época do crime. “Eu estava em Londres e li uma notícia que partiu meu coração. Guardei no meu bolso”, disse, antes de exibir o recorte, reproduzido num telão. “Marielle está conosco, no nosso coração e de muitas formas. Marielle Franco é a líder deste País”.
O cantor então citou nominalmente quatro deputadas do PSOL recém-eleitas no Rio com o intuito levar adiante as mesmas pautas Marielle, em defesa da população negra e de favelas, notadamente – Renata Souza, Dani Monteiro, Monica Francisco (antigas colaboradoras) e Talíria Petrone. Uma foto delas também foi mostrada no telão. “Elas representam a semente que Marielle Franco plantou em sua vida curta, mas importante”, definiu.
Waters então chamou os familiares de Marielle ao palco. “Isso aqui é uma família, quer eles gostem ou não”, afirmou Mônica, já provocando vaias de uma parcela dos presentes. “São 224 dias sem resposta. Não há democracia enquanto o estado não responder”, disse a viúva, numa alusão ao fato de que o assassinato não foi elucidado até hoje.
Logo em seguida, Mônica puxou o “ele não”. Emocionado, Waters depois continuou: “Sou um defensor dos direitos humanos, como são muitas pessoas aqui. Infelizmente, nem todos no mundo defendem os direitos de todos independentemente de etnia e nacionalidade”, criticou, citando os palestinos.
Terrra