Com a internet, a produção de dados no mundo dobra a cada dois anos. A previsão é de que em 2020 sejam gerados 35 zettabytes de informação em todo o mundo, e cidadãos comuns mal conseguem imaginar o que isto significa.
A situação traz desafios aos especialistas, e o armazenamento físico de tanta informação não está entre o menor deles. Para o dia a dia, porém, a tarefa básica é distinguir o que pode vir a ser informação útil, em meio a tanto “ruído”.
No entanto, existem quatro princípios básicos válidos em todo o mundo — real e virtual — capazes de definir a qualidade de dados on-line. São eles: precisão, completude, consistência e atualidade.
Isto quer dizer que as informações têm que ser exatas, com começo meio e fim, sem contradições internas ou de contexto e tão recentes quanto possível.
Isto se aplica particularmente aos dados para consumo humano, como documentos de texto, planilhas, PDFs e imagens, etc.
Mas, além disso, os dados na web também podem atender a uma hierarquia qualitativa, de cinco níveis, que considera: em primeiro lugar, o fato de eles estarem disponíveis na internet (dados abertos); se esta disponibilização é feita de maneira estruturada; se o formato dos arquivos é livre (abrem em programas não proprietários); se possuem URLs (endereços na internet) que facilitem o seu compartilhamento e, por fim, a utilização de todos esses critérios, acrescidos de conexões que formem contextos.
Na experiência do usuário final, tudo já parece bem simples. Porém, atingir esse patamar requer muito planejamento e qualidade técnica dos profissionais envolvidos.
“Esse tipo de dado requer esforço humano para ficar disponível. Por isso, geralmente, são despadronizados”. Quem explica é a mestra em computação Danila Feitosa, que explorou esse tema em sua dissertação de mestrado, defendida na Universidade Federal de Alagoas neste mês de janeiro.
Ela atua na Superintendência de Produção da Informação e do Conhecimento da Secretaria de Planejamento, Gestão e Patrimônio (Seplag) e manteve todos estes critérios científicos em mente durante a elaboração do Guia de Serviços do Governo de Alagoas.
Esta convergência entre conhecimento científico e gestão pública foi possível graças à bolsa do Programa de Apoio à Pesquisa e Desenvolvimento das Políticas Públicas (PDPP), uma iniciativa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal).
O PDPP foi formatado em 2015 com o objetivo de levar mais capacidade técnica, pensamento analítico e inteligência acadêmica para contribuir com o que já existe dentro do setor público.
Serviço
Danila observa que, a princípio, nos ambientes de dados do Estado, ela encontrou despadronização, disparidades de informações e desatualizações.
Assim, boa parte de seu trabalho na elaboração do Guia de Serviços foi se pôr no lugar do cidadão e, a partir de suas competências, planejar uma base boa e clara para disponibilizar as informações, e que não exigisse conhecimento prévio de quem acessasse um site do Governo de Alagoas pela primeira vez.
“O Guia vem para padronizar e garantir mais transparência. Se o cidadão não conhece o serviço, não sabe a que tem direito”, resume a pesquisadora.
Sobre pôr em prática a pesquisa do mestrado e observar como ela evolui na realidade, Danila define:
“É gratificante trabalhar em um projeto que vai melhorar a vida do cidadão e contribuir com a melhoria do próprio órgão, unificar a linguagem de serviços”.
Ela considera o PDPP Fapeal uma oportunidade de trazer o conhecimento da academia para a população através do governo. “Sem essa oportunidade, como uma jovem como eu iria por isso em prática?”, pondera.
O Guia de Serviços do Governo de Alagoas foi desenvolvido sob a superintendência de Thiago Ávila e se encontra disponível em http://www.servicos.al.gov.br/.