O futuro do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), após o fim de seu mandato à frente da Casa, em fevereiro, ainda está indefinido. A probabilidade maior é a de que Renan ocupe a liderança do PMDB na Casa – função que já desempenhou outras duas vezes – mas dentro da bancada há resistência ao nome dele, principalmente por conta dos processos do senador na Justiça e os inquéritos de que é alvo na Lava Jato.
Peemedebistas ouvidos pelo G1 dizem que o fato de ele ser investigado pode desestabilizar e constranger o partido caso assuma a liderança da bancada.
Em dezembro, o STF tornou Renan réu pelo crime de peculato (desvio de dinheiro público). Em seguida, o ministro Marco Aurélio chegou a determinar o afastamento do peemedebista do comando do Senado. Renan não cumpriu a ordem, que foi derrubada pelo plenário da Suprema Corte. Renan também é alvo de 8 inquéritos na Lava Jato.
“Do ponto de vista legal [Renan assumir a liderança do PMDB] é um absoluto constrangimento. Eu não sou inimigo do Renan, sou amigo dele, mas é um problema”, afirmou o senador Roberto Requião (PMDB-PR).
Outro peemedebista, que não quis se identificar, diz que “não há consenso” na bancada para que Renan seja o líder do partido.
“A restrição a Renan decorre do fato de ele ser réu no Supremo. Fora isso, Renan reúne todas as qualidades. É articulado e tem experiência. Mas há uma interrogação em relação ao futuro dele e isso está prevalecendo”, declarou.
Já Eduardo Braga (PMDB-AM), cujo nome também é ventilado para a liderança do partido, afirma – sem citar o nome de Renan – que a liderança do PMDB precisa ser renovada.
“O PMDB precisa ter uma renovação nos seus quadros no Senado. O partido está precisando abrir espaços para caras novas para o país”, disse o senador, que nega estar em “campanha” para liderar a sigla no Senado.
Mesmo com as denúncias na Lava Jato e com as disputas de poder que protagonizou com o Judiciário e o Ministério Público nos últimos meses do ano, há uma parte da bancada peemedebista que defende o nome de Renan para a liderança do partido.
É o caso de João Alberto (MA), fiel aliado de Renan, que acredita que o senador alagoano seria um “grande líder” do partido na Casa.
“Se ele [Renan] for o líder, é excelente. Não tem nome melhor do que o de Renan. É um peemedebista preocupado com o partido e é o melhor para unir a bancada”, opinou.
Procurada pelo G1, a assessoria de imprensa de Renan Calheiros afirmou que as denúncias contra Renan não têm provas, o que resultará no arquivamento dos inquéritos. “Os inquéritos existentes são todos por ouvir dizer ou interpretações subjetivas e que, por essa razão, por falta de provas, serão arquivados, como já foi o primeiro inquérito”, afirmou a nota (veja íntegra no final desta reportagem).
O texto da assessoria também disse que Renan fica “honrado” com ter o nome lembrado para liderar a bancada, mas argumenta que o assunto ainda será debatido no PMDB.