As manifestações do vice-prefeito eleito e futuro secretário municipal de Transportes, Fernando Mac Dowell, contra o reajuste das tarifas de ônibus do município do Rio de Janeiro, levaram o prefeito Eduardo Paes a suspender o aumento que havia prometido conceder até o final de sua gestão. Em nota divulgada na tarde de hoje (30), a Secretaria Municipal de Transportes comunicou a decisão do prefeito, mas lembrou que o reajuste é uma obrigação estabelecida no contrato de concessão do serviço de transporte.
Na nota, a secretaria informou que, de acordo com a fórmula paramétrica, a tarifa do Bilhete Único Carioca, atualmente de R$ 3,80, passaria para R$ 3,95, o que representa reajuste de 3,9%, bem abaixo da inflação de 6,58% dos últimos 12 meses, até novembro, com base no Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “Apesar de defender o cumprimento do contrato, o prefeito Eduardo Paes entende que no momento é preciso respeitar a decisão do prefeito eleito, Marcelo Crivella, e sua equipe”, finalizou a nota.
Pela manhã, durante a cerimônia que marcou sua despedida dos servidores municipais, no Centro Administrativo da prefeitura, na Cidade Nova, Eduardo Paes não respondeu às perguntas dos jornalistas sobre o aumento das passagens de ônibus. Emocionado, Paes abraçou a equipe que o acompanhou ao longo dos oito anos como prefeito, incluindo os secretários municipais, o vice-prefeito Adilson Pires (PT) e vereadores de sua base de apoio na Câmara Municipal.
Contatada pela Agência Brasil, a assessoria de imprensa do prefeito eleito informou que Marcelo Crivella só vai se pronunciar sobre o reajuste das tarifas de ônibus depois da posse no cargo, neste domingo (1º). A assessoria do novo governo municipal acrescentou que o vice-prefeito e futuro secretário municipal de Transportes, Fernando Mac Dowell, realiza estudos técnicos sobre a questão do reajuste.
Consórcio Rio Ônibus
Em nota divulgada à imprensa, o consórcio Rio Ônibus, que reúne as empresas de transporte urbano de passageiros do município do Rio de Janeiro, lamentou a decisão da futura administração, de não respeitar o contrato de concessão assinado em 2010. Segundo a nota, é o contrato que garante a segurança jurídica necessária à continuidade dos investimentos feitos, e o reajuste anual da tarifa representa a recomposição de custos e obrigações como combustível e mão de obra.
O consórcio cita dados da própria Secretaria Municipal de Transportes, que mostram o impacto da crise econômica no setor de ônibus, no município, e lembra que desde abril de 2015 seis empresas encerraram suas atividades e outras 12 enfrentam dificuldades atualmente. A Rio Ônibus menciona também os outros modais de transporte do Rio que tiveram tarifas reajustadas recentemente, como os trens e as barcas.
Mesmo não concordando com a suspensão do reajuste, o Rio Ônibus se coloca à disposição para esclarecer dúvidas e fornecer as informações financeiras e operacionais à nova administração municipal. O consórcio finaliza a nota informando que “não deixará de adotar as medidas cabíveis, de modo a garantir o cumprimento do contrato de concessão e a continuidade dos serviços de ônibus no município do Rio”.