Não são poucas as casas antigas de Belo Horizonte que chamam a atenção pela singularidade arquitetônica. Dispersas por bairros que surgiram nos primeiros anos da capital mineira, elas guardam em seu interior uma beleza escondida para a maior parte da população. Um livro lançado no último final de semana revela imagens e histórias de 37 desses imóveis. A iniciativa é fruto da união de dois projetos independentes que viraram referência quando o assunto é patrimônio histórico e resgate da memória da capital mineira: o Chão Que Eu Piso e o Casas de BH.
O Chão Que Eu Piso, da jornalista Paola Carvalho e da designer Raíssa Pena, tem como objetivo resgatar memórias dos imóveis a partir de pisos e ladrilhos. As imagens são postadas nas redes sociais, acompanhadas de um descritivo com informações sobre o local. O projeto, que tem mais de 10 mil seguidores no Instagram, também deu origem a produtos como calendários e agendas.
O Casas de BH reúne fotos de imóveis antigos e também apresenta detalhes arquitetônicos e históricos de cada de um deles. Criada pelo arquiteto Ivan Araújo, a iniciativa desperta interessa de internautas de dezenas de países. Considerando os variados canais, são cerca de 15 mil seguidores. “Surgiu como um hobby na minha página pessoal, mas eu me surpreendi com a receptividade e a interação e acabei transformando em um projeto”, diz Ivan.
Intitulado Casa e Chão, o livro produzido a partir da parceria entre ambos os projetos reúne fotos do exterior e do interior das casas, além de detalhes dos pisos e textos que regatam a trajetória do lugar. A publicação levou em conta não apenas a pesquisa histórica, mas também relatos apresentados pelos próprios proprietários. As páginas iniciais e finais trazem ainda textos de conceituados arquitetos, urbanistas, historiadores e designers de Belo Horizonte. “São pessoas que agregam conteúdo ao trabalho”, diz Ivan Araújo.
Conteúdo
O livro foi publicado graças a uma campanha de financiamento coletivo, que recebeu o apoio de quase 500 pessoas, que ganharam um exemplar em primeira mão. Os interessados que não contribuíram previamente podem adquiri-lo ao valor de R$90 nos sites de ambos os projetos.
As 37 casas retratadas, localizadas majoritariamente em bairros tradicionais como Santa Tereza, Floresta, Lagoinha, Barro Preto, Serra, Lourdes, Santo Antônio e Bonfim, foram construídas entre o ano de fundação de Belo Horizonte, 1897, e a década de 1960. O foco da publicação foram residências. Construções históricas públicas aparecem, mas são exceções. Um exemplo é a Casa Kubitschek, projetada em 1943 por Oscar Niemeyer para ser residência de fim de semana do então prefeito da capital mineira Juscelino Kubitschek. O imóvel, que é um marco do modernismo no Brasil, abriga hoje um museu.








