A presidente do STF, Cármen Lúcia, encara com naturalidade a decisão do ministro Marco Aurélio de Mello, afastando o presidente do Senado, Renan Calheiros. Para a ministra, a despeito dos efeitos políticos da deliberação, ela não foi adotada por razões políticas, mas devido a uma interpretação constitucional. E, muito menos, teria sido provocada pelas ruas.
— Não acredito. Estamos muito longe disso.
A ministra também descarta qualquer tipo de intromissão no processo político. O Tribunal está apenas decidindo, constitucionalmente, se um réu pode exercer a Presidência da República. E se, em decorrência desta decisão, ele poderia ser presidente de um poder que integra a linha de sucessão da Presidência da República. Para a presidente do Tribunal está sendo produzida uma jurisprudência.
— Esta é um teste a nossa dinâmica institucional. Não vejo como fragilidade. Se as instituições estivessem fracas, não seríamos capazes de criar jurisprudência como estamos fazendo. Produzimos jurisprudência. Não produzimos política.
Mas mesmo rejeitando a pressão das ruas, a ministra abordou a expectativa que a sociedade tem com o STF e suas decisões. No domingo, milhões foram às ruas bradar “Fora Renan!” .
— Nós não temos a chance de ser reprovados. São 240 milhões de brasileiros. Nós passaremos sim.
O Globo