O publicitário Marcos Valério, condenado no Mensalão, afirmou em depoimento ao juiz Sérgio Moro que foi o ex-secretário do PT Sílvio Pereira quem passou todos os dados do contrato feito por uma de suas empresas, a 2S Participações, para transferir dinheiro ao empresário de ônibus do ABC paulista Ronan Maria Pinto, por meio da Remar. Valério voltou a afirmar que o dinheiro seria repassado devido a uma chantagem que estaria sendo feita à cúpula do PT – o ex-presidente Lula, a José Dirceu e a Gilberto Carvalho.
Perguntado sobre o conteúdo da chantagem, Marcos Valério não quis falar, dizendo apenas que “era muito grave”.
— O senhor não vai poder garantir a minha vida — justificou.
Marcos Valério voltou atrás em relação ao depoimento feito ao Ministério Público em 2012. Naquela época, ele disse que soube por Sílvio Pereira que o dinheiro repassado a Ronan Maria Pinto teria saído de um empréstimo feito pelo pecuarista José Carlos Bumlai no Banco Schahin. Ao juiz Sérgio Moro, afirmou que quem lhe contou detalhes da história foi Paulo Okamotto, hoje presidente do Instituto Lula. O publicitário disse que Okamotto teria inclusive lhe dito que o empréstimo foi pago por meio de um contrato de sonda da Petrobras. Bumlai admitiu ter retirado o empréstimo para pagar dívidas de campanha do PT.
— O senhor Paulo Okamotto, entre várias conversas, vários problemas, várias brigas que tivemos, e vários assuntos que fiquei sabendo, me colocou que houve o empréstimo e que o senhor José Carlos Bumlai era o tomador, e que esse empréstimo tinha sido pago com a sonda — afirmou.
O advogado Fernando Augusto Fernandes, que defende o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, afirmou em nota que, com relação ao depoimento de Marcos Valério, “os depoimentos da Lava Jato, iniciados com fatos, descambaram para mentiras e invenções de condenados que querem se beneficiar com as delações premiadas”.
O Globo