Diane Keaton interpreta a irmã Mary, uma freira nascida nos EUA que educou Lenny (nome de nascimento de Pio), e serve como sua secretaria e conselheira. Em uma das cenas ela olha para o jovem e diz “posso ver a face de Cristo em você”. Num outro momento ela diz que “mais de um bilhão de pessoas estão esperando que ela lhes diga o que fazer”.
As cenas exibidas em Veneza mostram uma figura autoritária e cínica, que sabe a extensão do seu poder, mas não parece se importar muito com Deus na equação. Em um dos diálogos, ele afirma com um sorriso: “Não tenho pecados”.
“O personagem do filme é diametralmente oposto ao papa atual, mas parece apontar que o sucessor de Jorge Mario Bergoglio poderá ser um Pontífice mais conservador”, acredita Sorrentino. Em um momento onde Francisco faz uma campanha mundial pela união de todas as religiões, a imagem de um papa com vocação para tirano que fala sobre guerras é um grande contraste.
Ganhador do Oscar por “A Grande Beleza”, o diretor italiano aborda na série temas que podem ser considerados tabus, como violação de segredos confessionais, marketing religioso, masturbação, casamento gay e acúmulo de riquezas dentro da Igreja Católica. “É ilusão pensar que a Igreja sofreu mudanças com o papa Francisco. Meu papa fictício pode se tornar, no futuro, algo muito verossímil”, provoca.