A seis dias da data marcada para a votação no plenário da Câmara de seu processo de cassação, o cerco se fecha contra Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Até a noite de ontem, 231 deputados, dos 257 necessários para sacramentar a perda do mandato, declararam ao GLOBO que votarão pela perda do mandato do ex-presidente da Câmara. A vulnerabilidade de Cunha fica ainda mais clara pelo fato de que apenas três deputados anunciaram ser contra a punição. Outros 34 disseram que podem não comparecer à sessão. Portanto, não se pode dizer como votariam, mas suas ausências seriam favoráveis a Cunha, já que elas dificultariam a obtenção dos votos necessários para a cassação.
O GLOBO procurou entre segunda-feira e ontem todos os 511 deputados que votarão, diretamente ou por meio de seus gabinetes.
Do total, 243 deputados não responderam à enquete, se recusando a declarar o voto ou não retornando os contatos feito pelo GLOBO. Estão nesse grupo ainda os que não foram localizados pessoalmente nem por meio de ligações feitas aos gabinetes em horário comercial.
Os deputados do PT, que têm Cunha como arqui-inimigo, anunciaram fazer questão de estarem presentes. Dos 58 deputados do PT, 53 declararam voto sim. Apenas o ex-presidente do Corinthians Andrés Sanchez (SP) se recusou a dizer como votará — os demais não responderam. Abordados pelo GLOBO, muitos assessores dos gabinetes respondiam que “a passagem já está até comprada”, “o deputado vem de véspera, com antecedência para não correr risco de perder o voo” ou “imagina se iria perder essa votação”. Mesmo os petistas que disputam eleições municipais deixarão suas campanhas no dia.
— Não falto às sessões e imagina nesta. Essa votação está chegando é tarde — disse a deputada Moema Gramacho (PT-BA).
No PSDB, 35 dos 50 parlamentares já se manifestaram pela cassação, enquanto os demais não responderam. O deputado Betinho Gomes (PSDB-PE) acompanhou o processo no Conselho de Ética e defendeu, dentro da legenda, a cassação de Cunha.
— Estarei presente sem dúvida nenhuma! E votarei pela cassação de Cunha — afirmou Gomes.
No partido de Cunha, o PMDB, 11 dos 66 deputados declararam voto pela cassação. Outros 54 não responderam e apenas Carlos Marun (MS), fiel escudeiro do ex-presidente da Câmara, anunciou que marchará a seu lado. Ele ressaltou que vai defender uma pena alternativa.
— Ainda tenho mais de 60 cidades para visitar (na campanha). Mas, a princípio, estarei presente e votarei pela aplicação de uma pena menos grave que a cassação — disse Marun.
O Globo