Rio de Janeiro – A crise econômica brasileira e o banimento dos atletas russos por doping são preocupações constantes do presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, ex-atleta de esgrima, campeão olímpico de florete, em Montreal’1976. Ontem, em tom de desabafo, ele falou da tensão causada nos últimos meses pelos problemas internos enfrentados pelo Brasil e disse que, ainda assim, acredita no êxito dos Jogos graças à “solidez do plano” do COI.
Qual a principal preocupação do COI neste momento?
“São muitas as questões do esporte olímpico e uma das principais, tornar as competições cada vez mais limpas e que o esporte seja, cada vez mais saudável. Por isso, a insistência com a punição da Rússia. Hoje, dois terços dos atletas russos com índice olímpico participarão dos Jogos do Rio. Não podemos admitir que qualquer atleta que faça uso de doping dispute a Olimpíada”
Como foi conduzido esse processo de investigação?
“O COI optou por um sistema de justiça aplicando três etapas de investigação. Primeiro, foi feita uma análise individual, contando com a participação das federações internacionais de todos os esportes. Depois, os resultados foram analisados por membros independentes. A terceira etapa foi uma espécie de painel de revisão. A luta contra o doping não é apenas do COI, mas de todos ligados ao esporte. Tenho a consciência tranquila por retirar os dopados. Fui atleta e conto com o apoio de diversos atletas e ex-atletas. Não há, é verdade, 100% de apoio, mas posso garantir que o apoio é grande”
A investigação prosseguirá depois dos Jogos do Rio?
“Estamos apenas começando. O relatório McLaren não foi finalizado. Essas investigações não terminarão nunca. Tenho orgulho em dizer olhando nos olhos das pessoas. As decisões partem da justiça e são muito sérias”
A crise econômica brasileira preocupa o COI?
“Há sim uma grande preocupação com relação à crise econômica brasileira. Temos um relatório sobre um país em recessão. Apesar disso, a Olimpíada ocorrerá, pois o COI tem um modelo de competição muito eficiente, que resiste à crise do país e às crises de caráter social, econômico e ambiental. O Brasil e o Rio de Janeiro conseguiram pôr os Jogos de pé. O que vivemos nos últimos meses foi passar por um teste de tensão. Não quero nunca mais viver o que estamos vivendo neste momento e nem o que tivemos de enfrentar nos últimos meses”
O prefeito do Rio disse, na véspera, que os homens do COI queriam vir ao Rio e comer caviar. O que pensa sobre isso?
“Ele fala muito. Parece estar sempre querendo brincar. Disse que queremos caviar, mas não pedimos e nem queremos isso. Então, não vou responder a ele”.
Correio Braziliense