O procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, porta-voz da Força-tarefa da Lava-Jato, acusou hoje o projeto de lei 280/2016, do senador Renan Calheiros, de ter como objetivo retomar as práticas de corrupção e fazer calar as investigações contra a corrupção no país. Para o procurador, o que está ocorrendo neste momento é um abuso do poder de legislar. Ele participou de um ato na sede da Justiça Federal de Curitiba, no qual o juiz Sérgio Moro também se posicionou contra o projeto de lei do Senado, afirmando que os juízes não podem ser criminalizados por interpretar as leis, especialmente em casos que envolvem poderosos.
— Abuso de autoridade é tentar calar as investigações, é usar do cargo para fazer calar as investigações, propor projetos em que o único objetivo não é o interesse público, mas sim fazer calar as investigaçoes — disse o procurador.
E continuou:
— Não é atemorizar tentar atemorizar policiais, nem promotores e procuradores, muito menos juizes. Não podemos mais permitir que abusem do poder de legislar para manifestações de interesse meramente pessoais — afirmou Lima, acrescentando que “só resta pedir ao povo que nos ajudem e defendam nossas instituições, nossa Justiça” e repudie e projeto de lei, ajudando no combate à corrupção.
O procurador afirmou que, após dois anos da investigação da Lava-Jato, o país enfrenta uma encruzilhada.
— Estamos numa encruzilhada. De um lado o combate intenso nesses últimos dois anos principalmente, cujo símbolo é o doutor Sérgio Moro, no qual temos a oportunidade de vislumbrar um país melhor para os nossos filhos. De outro, temos um caminho que nos leva ao oposto, no sentido de retornar às praticas de corrupção, de fazer calar as investigações. Esse caminho nos leva a permitir que continuem se enriquecendo pessoas em detrimento da população pobre e é justamente contra esse caminho que temos de nos insurgir — afirmou.