A estatal Chesf, subsidiária da Eletrobras, adiou a entrega de mais de mil quilômetros em linhas de transmissão de energia devido à falta de recursos para tocar as obras, segundo dados do governo compilados pela Reuters.
A situação da elétrica do Nordeste, reveladora de mais um aspecto das dificuldades da Eletrobras –que agora busca avançar em privatização de ativos para amenizar problemas financeiros– pode gerar restrições no sistema e multas à empresa.
Mas especialistas não se surpreenderam com os atrasos, que somam em média quase 1.500 dias, lembrando que são fruto do excesso de ambição da estatal e de outras empresas do grupo Eletrobras nos últimos anos, em meio a uma política de governo que pressionou por preços mais baixos nos leilões dos empreendimentos.
“É resultado de uma mistura de pegar projetos demais e projetos com taxa de retorno não tão atrativa. Deram muito deságio (nos leilões)”, afirmou à Reuters o diretor da consultoria PSR, Bernardo Bezerra.
Segundo levantamento feito pela Reuters com dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a Chesf ficou com mais de 30 por cento dos projetos de transmissão arrematados em leilões de concessões promovidos entre 2010 e 2012, ano em que a companhia passou a ter participação vetada devido ao excesso de obras atrasadas.
Nesse período, consórcios com empresas do Grupo Eletrobras foram responsáveis por quase 60 por cento dos lotes arrematados nesses leilões, quase sempre com propostas agressivas de deságio em relação à receita máxima permitida para os projetos.
Agora, segundo ata de reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), ao menos 11 empreendimentos da Chesf, que deveriam estar prontos, tiveram conclusão adiada para 2017 e 2018 em função de “contingenciamento financeiro” da empresa.
O ex-diretor da Aneel Julião Coelho também aponta como previsíveis os problemas agora enfrentados pela Chesf.
Reuters