O presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB), reuniu correligionários em um hotel da área nobre da capital alagoana para uma sessão de “beija mão” e para garantir apoio às pré-candidaturas de prefeitos. Além de falar sobre seu esforço pessoal de ajustar as arestas das chapas e composições políticas, o senador alagoano negou que esteja conduzindo uma trama contra as investigações da Operação Lava Jato.
Renan Calheiros sugeriu ter sido mal interpretado quanto às suas intenções contra os representantes dos órgãos de controle e da Justiça, quando foi questionado pelo Diário do Poder sobre o que ele tinha a dizer para quem o acusa de agir contra o avanço das investigações do esquema do petrolão, tentando impor celeridade para a apreciação do casuístico projeto que trata de punições para o “abuso de poder de autoridades” (voltada principalmente para investigadores da Lava Jato).
“É o contrário. Quando fui ministro da Justiça, incentivei as delações, mesmo antes de elas fazerem parte da legislação brasileira. Depois, como presidente do Senado, eu aprovei a delação premiada. É evidente que precisamos regulamentá-la, mais a diante. Mas nada, absolutamente nada, que interfira no curso das investigações. Eu acho que toda investigação tem que ser feita. Todo homem público tem que se colocar à disposição da investigação. Ninguém está imune à investigação. E eu tenho aproveitado a investigação como uma oportunidade para exatamente demonstrar o contrário”.
E para o eleitor que vê o presidente do Senado alvo de oito inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF), o que Renan tem a dizer? Eis a resposta dada em meio aos entusiasmados aliados: “Aquilo que eu falei. O importante é você ter o que dizer. A grande diferença com relação às investigações é você ter o que dizer. O homem público tem que ter paciência. Porque ninguém está livre de ser investigado por ouvi dizer, ouvi dizer, ouvi dizer, muitas vezes de pessoas que você nem conhece”.
Diante da resposta, o Diário do Poder insistiu em saber se o senador tinha algo a dizer ao eleitor sobre as acusações. E Renan Calheiros: “Eu tenho procurado dizer”, respondeu, enquanto era empurrado para o salão do beija mão pelo ex-deputado federal Joaquim Beltrão, atual prefeito de Coruripe.
Ao negar a interrupção de sua articulação para impor a votação do projeto de seu interesse, Renan Calheiros ignorou a insatisfação de líderes partidários com a falta de debate sobre sua última cartada no Senado. E alegou não haver nada emperrado politicamente.
“Não emperrou. Senado votou tudo. E algumas matérias, para serem apreciadas, precisavam ser apontadas como prioritárias. E preparadas nas comissões específicas. Foi isso o que nós fizemos. Votamos muita coisa, não temos nada para votar. E essas outras matérias importantes, vamos votar na retomada dos trabalhos”, detalhou.
Causa própria
Renan Calheiros ainda explanou à imprensa sobre sua pauta em favor de sua terra natal e do governo de seu herdeiro político, Renan Filho (PMDB), junto ao presidente interino Michel Temer (PMDB) e ao novo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM). O objetivo é destravar de vez os créditos devidos pela União a Alagoas pela federalização da Companhia Energética de Alagoas (Ceal) e ainda agilizar a venda dos ativos do Banco do Estado, o Produban.
“Estive agora com o governador, vou falar hoje com o presidente da República e amanhã estarei jantando com ele lá no Jaburu, com o novo presidente da Câmara dos Deputados, eleito, para agilizarmos as duas coisas fundamentais para Alagoas. Essas duas operações são muito importantes para o Estado, que está dependendo muito disso. Estamos tendo frequentes quedas de arrecadação. Mas não de ICMS, que tem crescido em Alagoas”, disse Renan.
Diário do Poder