O empresário encontrado morto num motel em Olinda (PE) no último dia 22, Paulo César Morato, suspeito de fazer parte de um esquema que teria irrigado campanhas do ex-governador Eduardo Campos (PSB), já foi investigado no STF (Supremo Tribunal Federal) em um inquérito da Lava Jato sobre o deputado federal Arthur Lira (PP-AL).
Na operação Turbulência, deflagrada no último dia 21 pela Polícia Federal em Pernambuco, Morato é apontado como dono de uma empresa de fachada, a Câmara & Vasconcelos, que participou da compra do avião que caiu em 2014 e matou Campos, então candidato à Presidência.
No ano passado, em depoimento em Brasília, Morato e outro empresário pernambucano, Eduardo Leite –um dos presos na Turbulência–, afirmaram que o doleiro Alberto Youssef quitou, entre 2010 e 2011, uma dívida de R$ 200 mil que Lira tinha com Leite.
O negócio, segundo os empresários, foi triangulado: Morato pediu a Leite dinheiro para alavancar seus negócios. Leite prometeu lhe emprestar R$ 200 mil. Dias depois, Morato recebeu o valor, na conta da Câmara & Vasconcelos, por meio de transferências feitas pela MO Consultoria e pela Empreiteira Rigidez, ambas controladas pelo doleiro Youssef.
Conforme depôs Morato, depois de ver na imprensa que essas firmas estavam envolvidas na Lava Jato, ele perguntou a Leite sobre as transferências. Leite teria respondido que Youssef estava quitando um empréstimo que Lira havia contraído com ele.
Ao STF Lira disse que emprestou os R$ 200 mil de Leite em benefício do ex-deputado Pedro Corrêa (PP-PE), preso na Lava Jato, e que um emissário de Corrêa havia se incumbido de pagar a dívida.
Lira foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República. Ele nega envolvimento com desvios na Petrobras. A apuração sobre Morato nesse inquérito foi arquivada.