Depois de dois anos de estiagem, os reservatórios das principais usinas hidrelétricas do país recuperaram os níveis de armazenamento de água, mas permanecem abaixo da meta estimada pelo Operador Nacional do Sistema (ONS), órgão responsável pela coordenação e controle do abastecimento de energia no Sistema Interligado Nacional. A instituição calculava chegar ao fim do chamado período úmido, encerrado em abril, com 71% de volume armazenado no subsistema Sudeste/Centro-Oeste. A marca ficou em 57,5%, na média, em abril. Neste mês está 56,7%.
Apesar de o período chuvoso não ter correspondido ao esperado, este ano terá boa oferta do insumo, já que em meio a recessão, o consumo, tanto industrial quanto residencial, segue em baixa. Os reservatórios ainda estão longe de chegar próximo aos níveis observados em 2011, quando, a essa altura do ano, o subsistema Sudeste-Centro-Oeste, que garante 70% do armazenamento do país, apresentava nível de 87,8%, percentual bem mais confortável do que os atuais 56,7% (veja o quadro).
A intenção do ONS é chegar ao fim do período seco com um percentual de armazenamento global próximo de 30%, diferentemente do que ocorreu no ano passado. O estresse hídrico vivido pelo país em 2015 derrubou os níveis dos reservatórios a 10%, impondo forte despacho das usinas térmicas, o que elevou o custo da energia a patamares recordes. “Acredito que seja possível chegar ao fim do ano com percentual de 30% nos reservatórios. Tudo vai depender da política energética adotada e do percentual de energia termelétrica utilizado ao longo do ano”, diz Juliana Marreco, especialista em planejamento energético e professora da escola de administração e negócios Ibmec.
O índice de 56,7%, registrado no sistema Sudeste-Centro-Oeste é bem superior aos 36,03% verificados em 2015 e aos 37% de 2014. Nos últimos dois anos, com o baixo volume de chuvas na bacia do Rio São Francisco, a usina de Três Marias, operada pela Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), enfrentou períodos críticos. No fim do período seco de 2014, o volume armazenado na represa atingiu apenas 2,57%. No ano passado, o reservatório continuou com níveis bem abaixo do ideal. No fim do período chuvoso, 37,5% da sua capacidade de armazenamento de água.
Estado de Minas