Em conversa gravada entre fevereiro e março pelo ex-presidente da Transpetro,Sérgio Machado, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse ter tentado evitar a recondução de Rodrigo Janot ao cargo de procurador-geral da República. A informação é do G1.
Janot foi reconduzido em setembro de 2015 por mais dois anos. Na gravação, Renan admite que tentou impedir que ele fosse mantido, mas declarou que “estava só”. Confira o teor da conversa:
SÉRGIO MACHADO: Agora uma coisa eu tenho certeza: sobre você não tem nada ainda.
RENAN CALHEIROS: Nesse mistério todo, a gente nem sabe por que eles vivem nessa obsessão.
SÉRGIO MACHADO: Hoje, eu acho que vocês não poderiam ter reconduzido esse b***, não. Aquele cara ali…
RENAN CALHEIROS: Quem?
SÉRGIO MACHADO: Ter reconduzido o Janot. Tinha que ter comprado uma briga ali.
RENAN CALHEIROS: Eu tentei… Mas eu estava só.
Em outro áudio, Machado e o ex-presidente José Sarney (PMDB-AP) falam sobre a prisão de João Santana na Operação Lava-Jato. Ele foi marqueteiro da campanha eleitoral da presidente afastada Dilma Rousseff.
Os dois fazem referência à atuação do ministro da Justiça no caso, mas não citam o nome — no período das gravações, o cargo foi ocupado por José Eduardo Cardozo, Wellington Silva e Eugênio Aragão. Confira:
SÉRGIO MACHADO: A Dilma não tem condições. Você vê, presidente, nesse caso do marqueteiro, ela não teve um gesto de solidariedade com o cara. Ela não tem solidariedade com ninguém não, presidente.
JOSÉ SARNEY: E, nesse caso, ao que eu sei, é o único que ela tá envolvida diretamente. E ela foi quem falou com o pessoal da Odebrecht para dar, acompanhar e responsabilizar pelo Santana.
SÉRGIO MACHADO: Isso é muito sério. Presidente, você pegou o marqueteiro dos três para o presidente do Brasil. Deixa que o ministro da Justiça, que é um banana, só diz besteira, nunca vi um governo tão fraco, tão frágil e tão omisso. É que estavam dizendo esta semana: a presidente é b*** mole. A gente não tem um fato positivo.
JOSÉ SARNEY: E todo mundo, todo mundo acovardado.
SÉRGIO MACHADO: Acovardado.
Conforme o G1, a assessoria de Dilma informou, por meio de nota, que todos os pagamentos feitos a João Santana na campanha da reeleição — totalizando R$ 70 milhões — foram contabilizados na prestação de contas, aprovadas pelo Tribunal Superior Eleitoral.
A assessoria do ex-presidente José Sarney declarou que, por enquanto, o ex-presidente não deseja comentar a gravação. Já a assessoria de imprensa de Renan Calheiros ressaltou, em nota, que o senador agilizou a recondução de Janot ao cargo no segundo mandato de Dilma.
Zero Hora