O presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse hoje (19), durante seu depoimento no Conselho de Ética, que não indicou “um alfinete” para o governo do presidente interino Michel Temer.
“Se achar que devo fazer gestão por quem quer que seja, eu faria, mas não o fiz. Não tem um alfinete nesse governo indicado por Eduardo Cunha”, afirmou.
Cunha rebateu o líder da Rede, Alessandro Molon (RJ), que criticou a influência de Cunha na Câmara e na montagem do governo Temer. O deputado é apontado como o dedo por trás das indicações de Alexandre de Moraes (ministro da Justiça), do advogado Gustavo do Vale Rocha (subchefe para Assuntos Jurídicos da Casa Civil) e Carlos Henrique Sobral (chefe de gabinete da Secretaria de Governo, ocupada por Gedel Vireira Lima).
Sobral foi assessor de Cunha na presidência da Câmara. Cunha também é apontado como responsável pela indicação do líder do governo, André Moura (PSC-SE).
Molon lembrou o argumento usado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para afastar Cunha por entender que ele usava o cargo para atrapalhar as investigações da Operação Lavas Jato. Em sua decisão, o ministro Teori Zavascki argumentou que a permanência de Cunha na presidência da Câmara “é um pejorativo que conspira contra a própria dignidade da instituição por ele liderada.”
Aos deputados, Molon questionou se a decisão teria conseguido, de fato, afastar a interferência de Cunha na Câmara. “O que tenho visto é que a influência dele talvez não tenha cessado. Cargos importantes têm sido ocupados pela força do poder do deputado Eduardo Cunha. Será que ele vai continuar agindo e operando para que sua força política continue prevalecendo na Casa e no governo federal?”
Em resposta, Cunha disse que as pessoas indicadas são de sua convivência e que a maioria é integrante ou próxima do PMDB. “Se os correligionários – com os quais tenho convivência – ocupam postos não quer dizer que foi Eduardo Cunha quem indicou e se indicasse não teria nenhum delito”, afirmou.
Agência Brasil