A presidente Dilma Rousseff fará um pronunciamento no Palácio do Planalto, nesta quinta-feira , às 10h. Em seguida, será transmitido o vídeo que a presidente gravou na tarde desta quarta-feira no Palácio do Alvorada. No pronunciamento, Dilma estará acompanhada de todos os ministros e do ex-presidente Lula. Ao fim de sua fala, Dilma descerá ao térreo do Planalto e, pela porta principal, cumprimentará manifestantes pró-governo que foram convocados para ocupar o local. O ato acontecerá imediatamente após ser notificada da votação do Senado.
O cronograma prevê que Dilma seja notificada no mesmo horário do pronunciamento, caso o Senado aprove a abertura do processo de impeachment da petista. Esse foi o horário que o ex-presidente Fernando Collor foi notificado, em 1992. Em seguida, às 11h, o vice-presidente Michel Temer seria notificado de que estará no comando do país por até 180 dias.
Confirmado o afastamento da presidente, Michel Temer dará posse a ministros e fará um pronunciamento amanhã mesmo, durante a tarde. O vice quer evitar um vácuo de poder e se apresentar à população brasileira com um discurso em que tentará passar um sinal de confiança ao mercado e aos assistidos pelos programas sociais.
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo Lewandowski, deve ir na quinta-feira à tarde para o Senado, onde receberá do presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), a presidência de todos atos do processo de impeachment. O ministro vai nomear dois assessores do STF para serem auxiliares oficiais dele na condução do processo.
Segundo a Secretaria de Comunicação do Planalto, o pronunciamento da presidente será no menor salão para cerimônias no palácio: o Salão Leste. A fala de Dilma deverá ser em horário próximo ao marcado para sua notificação, caso seja afastada. Em princípio, estava prevista também uma caminhada do grupo do Planalto até o Palácio da Alvorada, que se transformará em bunker de resistência da petista. Mas a ideia foi descartada.
Na reunião ministerial que ocorreu nesta quarta, ficou definido que Dilma irá exonerar amanhã todos os seus ministros, secretários-executivos e secretários nacionais. Apenas Alexander Tombini (Banco Central) e Ricardo Leyser (Esporte) não serão demitidos. O último, para não descontinuar as ações das Olimpíadas. Cada Pasta terá um responsável por transmitir a seu sucessor informações sobre a área, dados relativos às finanças e à gestão de programas. O governo rejeita o termo “transição” por considerar que o governo de Michel Temer é ilegítimo. Ainda assim foram preparados relatórios para serem passados à frente.
— É uma prestação de informações — diz um auxiliar de Dilma.
Os ministros de Dilma solicitarão quarentena. A presidente, após afastada, levará consigo ao Alvorada uma equipe que já está definida. Entre eles: o jornalista Olímpio Cruz, ex-secretário de imprensa da petista, que ficará responsável pelo contato de Dilma com a imprensa; Bruno Monteiro (assessor especial); Jorge Messias (Subchefe de Assuntos Jurídicos da Casa Civil); Sandra Brandão (assessora especial) e Giles Azevedo (assessor especial), que chefiará a equipe. Todos eles, à exceção de Olímpío, que estava no Banco do Brasil, manterão seus salários. Devido ao valor dos vencimentos dos ministros, nenhum deles fará parte do time de “resistência” de Dilma.
Ao sair de uma reunião com Michel Temer, no fim da noite desta quarta-feira na vice-presidência, Geddel Vieira Lima, que deverá ocupar o cargo de ministro da Secretaria de Governo, criticou a falta de transição, dizendo que “o Brasil merecia mais”, mas disse ver com bons olhos a manutenção de Leyser e Tombini.
— A intenção do presidente não é a política de ocupação. A gente não quer sobressaltos. Queremos segurança e o mercado tranquilo — declarou.
O vice-presidente Michel Temer só deve fazer um possível pronunciamento no Planalto — também à imprensa, sem valer-se da rede nacional de rádio e TV oficialmente – depois que a presidente deixar o palácio.
O Globo