O senador Fernando Collor de Mello (PTC-AL) foi o 38º senador a se pronunciar sobre o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Collor foi um dos poucos senadores que não revelou se votará contra ou a favor ao afastamento de Dilma. Ele usou os 15 minutos que teve direito para lembrar o processo sofrido por ele em 1992 e criticar a situação política atual do Brasil.
“Chegamos ao ápice de todas as crises, chegamos às ruínas de um governo, às ruínas de um país”, disse o senador alagoano. Collor foi o primeiro presidente eleito por voto direito após 21 anos de ditadura e renunciou ao cargo em 29 de dezembro de 1992, após o processo de impeachment ser aprovado por ampla maioria no Congresso. “O rito é o mesmo, mas o ritmo e o rigor, não”, ressaltou.
O senador disse ter alertado a presidente Dilma sobre os riscos de ela ser afastada e afirmou ser clara a “irresponsabilidade com o país, seja por negligencia, incompetência ou má fé”.
Apesar de ambos protagonizarem os únicos pedidos de impeachment analisados pelo Senado brasileiro, são várias as diferenças entre o processo enfrentado por Collor e o atual. Enquanto o pedido de afastamento de Dilma a acusa de crimes de responsabilidade fiscal, as chamadas “pedaladas”, Collor era suspeito de ter desviado cerca de US$ 6,5 milhões de um esquema de financiamento irregular.
Em abril de 2014, o Supremo Tribunal Federal (STF) absolveu o ex-presidente do crime de peculato (desvio de dinheiro público), falsidade ideológica e corrupção passiva por falta de provas. Os crimes de falsidade e corrupção já haviam prescrito, mas foram analisados porque a ministra Cármen Lúcia, relatora do processo, entendeu que as acusações estavam “entrelaçadas”.
Correio Braziliense