Tradicional político do Partido dos Trabalhadores e voz importante no Congresso Nacional, o senador gaúcho Paulo Paim (PT-RS) concedeu importante entrevista ao jornal Zero Hora, do Rio Grande do Sul, publicada na edição desta quinta-feira, 28. Ele reconhece que será muito difícil barrar o impeachment de Dilma no Senado Federal, e já a vê afastada por no mínimo 180 dias, conforme indica a lei para caso de aprovação por maioria simples no Senado.
Na Câmara dos Deputados, o processo de impeachment passou com relativa facilidade. O ordenamento da sessão se deu pelo presidente da Casa, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), réu na Operação Lava Jato. Agora, no Senado Federal, a responsabilidade dos trabalhos fica a cargo do presidente Renan Calheiros (PMDB-AL), que tem nove inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a mesma investigação. Perguntado sobre os dois comandos, Paim foi claro e direto:
“Olha, perto do Eduardo Cunha, o Renan Calheiros pode ser considerado um padre ou uma freira. Com um corrupto como presidente ou não, o fato é que o impeachment passou na Câmara dos Deputados e chegou ao Senado Federal. Há de se ter o respeito pela maioria, que aprovou o processo”, destacou Paim.
Paim, que defende a antecipação das eleições presidenciais para outubro desse ano, acredita que o país ficará ingovernável mediante ao impeachment de Dilma Rousseff. Na sua análise, caso Michel Temer venha a de fato assumir a presidência, as campanhas para 2018 começarão imediatamente. Ele também fala em uma instabilidade que atingirá diversos campos.
“Creio que Temer será um presidente sem apoio, com o Eduardo Cunha como vice, o sabido corrupto número 1 do Brasil. Essa dupla vai reunir condições para governar a nação? Eu vejo que, sendo assim, vai começar de maneira imediata as campanhas para a disputa das eleições do ano de 2018. Vai ser uma nova versão das “Diretas Já”. E também teremos outra onda de instabilidade nos campos político, institucional e econômico”, refletiu o senador Paulo Paim.