Após o lançamento na internet do chamado, Manifesto de Evangélicos pelo Estado de Direito, um grupo de pessoas que se identificam como líderes evangélicos fizeram parte de um evento na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, da Universidade de São Paulo (USP), nesta segunda (28).
O encontro recebeu ampla cobertura da mídia ligada ao Partidos dos Trabalhadores e foi colocada em destaque no site do PT. Os debatedores foram o pastor reformado Ariovaldo Ramos, o sociólogo Anivaldo Padilha, a professora e pesquisadora da Universidade Metodista de São Paulo, Magali Cunha, e a desembargadora aposentada e doutora pela Unicamp, Magda Biavaschi.
Segundo o material divulgado pelo site oficial do PT, o objetivo era “discutir a manutenção do Estado Democrático de Direito, o papel da mídia e o estigma de ultra-conservadorismo que recai sobre os evangélicos, propagado por algumas lideranças cristãs no Congresso Nacional”.
A fala de Ariovaldo Ramos, membro do grupo Missão na Íntegra, foi encerrado assim: “É um privilégio como evangélico e negro ter a possibilidade de lutar contra o golpe. Nós não podemos aceitar a reconstrução de uma senzala que ainda não terminamos de derrubar”.
Para ele, “ser evangélico exige postura, posição social e tomada de consciência”. Mais uma vez, Ramos, que é um dos expoentes da chamada Teologia da Missão Integral no Brasil, repetiu o discurso entoado pelos defensores de Dilma: “Rejeito a cobertura midiática tendenciosa que traz ódio e intolerância contra quem pensa diferente… Não queremos ver as luzes da democracia se apagar novamente. Jesus lutou incansavelmente pela liberdade humana”.
Ao citar a Bíblia, resumiu-se a dizer que o apóstolo Pedro, “ensinou que a vontade de Deus passa pelo voto”. Atacando os líderes evangélicos na Câmara, afirmou que eles “deturpam os ensinamentos de Jesus”. Declarou ainda que “Somos conservadores com nossa fé e progressistas na vida social”.
Já o líder metodista Anivaldo Padilha (pai do ex-ministro petista Alexandre Padilha) criticou o que chama de “tentativa de golpe”. Reclamou que “há diversos projetos de lei na Câmara dos Deputados para frear direitos trabalhistas, indígenas, LGBTs, de mulheres e que a tentativa de golpe é parte decisiva para alas conservadoras conquistarem a supressão de direitos sociais”.
Ou seja, para ele a ideia de conservadorismo a ser quebrado, incluiria os evangélicos defenderem movimentos LGBT e agendas consideradas liberais, como a legalização do aborto e das drogas. Ele finalizou com a mesma retórica que marcou sua trajetória: “Toda vez que o povo começa a emergir ela (a elite) reage, porque tem medo e desprezo pelo povo. A elite quer uma democracia sem povo”.
Magali Cunha, que não é evangélica, embora escreva sobre religião, ficou conhecida quando publicou uma matéria difamatória contra o trabalho pró-vida da doutora Damares Alves, pastora e assessora jurídica da Frente Parlamentar Evangélica.
Sua fala foi marcada por acusações ao que chama de “marketing diário do pessimismo”. Para ela, “A crise existe, mas não como é pintada diariamente na imprensa… Por causa das manifestações populares, a mídia tem que justificar diariamente que o está acontecendo no Brasil não é golpe”.
Todos os presentes afirmam ser contra o “golpe”, o mantra esquerdista para se referir ao processo constitucional de impeachment, e defenderam a permanência de Dilma como presidente.
Não há registro que tenham falado sobre os males da corrupção, nem das acusações feitas por delatores da Operação Lava Jato que incluem, além dos nomes de Dilma e Lula, o filho de Anivaldo Padilha.
GospelPrime