A Igreja Presbiteriana Unida do Brasil (IPU) emitiu uma nota onde condena os desdobramentos da Lava Jato. “A IPU condena, veementemente, o caráter midiático e teatral que os coordenadores da chamada força tarefa da Lava Jato têm dado antes, durante e após o cumprimento de cada fase da Lava Jato”, diz o comunicado.
Como lhe é peculiar, emitiu um parecer onde o princípio norteador não é a Bíblia, mas a ideologia simpática ao socialismo que permeia seus ensinos. Para os membros do Conselho da denominação, “caso não haja cautela da parte daqueles que conduzem tais investigações e da elite política deste país, poderá se degenerar e transformar nossas ruas em palcos de banhos de sangue”.
Aparentemente, a IPU abraçou definitivamente a linha de pensamento do CONIC (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil), do qual é membro e está a serviço do Partido dos Trabalhadores. Dois aspectos contribuem para essa conclusão.
Primeiramente, o fato de essa nota ter sido divulgada através dos sites Diário do Centro do Mundo eVermelho, ambos reconhecidamente de linha abertamente comunista e pró-PT. A falta de coerência é tanta que o site usou o logotipo de outra denominação (A Igreja Presbiteriana do Brasil), para ilustrar a nota. O site oficial da IPU está “em reforma” e não traz a nota na íntegra.
O outro aspecto determinante é o fato de membros do CONIC terem se manifestado abertamentecontra o impeachment da presidente Dilma. No início deste ano, aceitaram fazer parte do “Conselhão”, manobra midiática do governo atual, que não tem poder real, mas vende a ilusão de um governo que ouve a todos os segmentos da sociedade.
Outro aspecto que mostra como o documento de 10 pontos segue uma pauta pré-agendada pelo governo é o ponto 7.
“A IPU alerta que os delatores da Operação Lava Jato são os mesmos que, na surdina e nos arranjos inescrupulosos deste e de governos de épocas anteriores, se locupletaram às custas do país e não tiveram escrúpulos e, mais uma vez, como os ratos que abandonam o navio prestes a submergir, buscam salvar a sua própria pele”.
Em suma, a Igreja condena os delatores, mas ignora que a maioria dos políticos presos são do PT e de partidos aliados (PP, PMDB). Convenientemente, em nenhum momento cita Dilma ou Lula.
Contudo, fica clara sua posição pró-ex-presidente no ponto 9: “não há nenhuma diferença entre levar qualquer investigado preso, mediante condução coercitiva, sem a devida intimação judicial prévia, quanto linchar um pobre jovem negro transgressor e amarrá-lo em um poste, em praça pública, buscando fazer “justiça com as próprias mãos”.
No caso, além de defender Lula, ataca o juiz Sérgio Moro com os mesmos argumentos dos sites pagos pelo PT para disseminar a contrainformação na internet.